Depois de seis anos sem aumento real, Lula cumpre promessa de campanha e faz reajuste salarial, além de aumentar da faixa de isenção do IR para R$ 2.640

Quarenta e cinco dias depois de assumir o poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem apontando o rumo de um Brasil que trate melhor o povo trabalhador. Cumprindo a promessa de campanha, Lula anunciou na quinta, 16, que o novo salário mínimo será de R$ 1.320, a ser pago a partir de 1º de maio — Dia do Trabalhador. Ele ainda confirmou o aumento da faixa de isenção do IR para R$ 2.640, que subirá gradativamente até R$ 5 mil. Hoje, o mínimo é de R$ 1.302 e a faixa de isenção do IR é de R$ 1,9 mil.

“A gente vai reajustar em maio para R$ 1.320 e estabelecer uma nova regra para o salário mínimo, que a gente já tinha no meu primeiro mandato”, disse, em entrevista para a CNN Brasil. Ele comentou que o mínimo irá considerar, além da reposição inflacionária, o crescimento do PIB. “Não adianta o PIB crescer 14% e você não distribuir. É importante que ele cresça 5%, 6% , 7% e você distribuí-lo para a sociedade”, declarou. “Vamos aumentar o salário mínimo todo ano, a inflação será reposta e o crescimento do PIB será colocado no salário mínimo”.

Sobre o Imposto de Renda, Lula afirmou que a ideia do governo é aumentar gradativamente a faixa de isenção até alcançar R$ 5 mil. “Vai começar a partir de agora, nós vamos começar a isentar a partir de R$ 2.640 e depois nós vamos gradativamente até chegar a R$ 5 mil de isenção”, disse. “Foi um compromisso meu e vou fazer”. Ele destacou que é preciso discutir a questão do Imposto de Renda. Segundo Lula, quem recebe salário de R$ 6 mil paga proporcionalmente mais do que quem vive de dividendos. De acordo com o presidente, é preciso fortalecer a classe média, que está sufocada financeiramente.

Em janeiro, o governo criou um grupo interministerial para elaborar propostas para recriação de uma política de reajuste do salário mínimo e instrumentos de gestão e monitoramento. O impasse para a definição do novo valor em 2023 é o aumento de R$ 7,7 bilhões em gastos para alcançar os R$ 1.320 propostos pelo governo ainda durante a transição.

Desde 2020, o piso nacional é ajustado apenas pela inflação, sem uma regra permanente. O aumento real (acima da inflação) do mínimo é uma promessa de campanha do presidente e uma das prioridades da nova gestão. Durante os governos do PT, o mínimo foi ajustado considerando a variação da inflação e o crescimento do PIB. Nos 13 anos de Lula e Dilma Rousseff, o salário mínimo teve aumento real de 74%.

Isentar do imposto de renda trabalhadores que ganham até R$ 5.000 mensais também era uma proposta de campanha do presidente. A tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) não é reajustada desde 2015. Em 2022 com uma inflação de 5,79%, chegou à maior defasagem da história: 148,10%, segundo cálculos do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional). •

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