O Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo, manifesta repúdio ao episódio de constrangimento de que foi vítima o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), retirado de voo comercial para uma revista arbitrária de agentes da Polícia Federal, no aeroporto de Foz do Iguaçu.

Além de repúdio, manifestamos nossa consternação com uma prática da PF que vem se repetindo. No final de abril, a estudante e pesquisadora Samantha Vitena, negra, assim como Renato, foi retirada de um avião, sem que representasse qualquer risco ou estorvo àquele voo.

Tanto Renato quanto Samantha atribuem os abusos policiais, que em pelo menos em um dos episódios teve cumplicidade explícita da companhia aérea, a motivações racistas. O Reconexão Periferias tem o mesmo entendimento: duas pessoas negras expostas a arbitrariedades e constrangimentos por se encaixarem em perfil considerado suspeito, dentro de um conceito policial desde sempre indefensável, porque racista, e ilegal, porque contrário à legislação que criminaliza o racismo.

Não há explicação burocrática ou operacional possível. As revistas são feitas antes do embarque. Alegar que retirar passageiros de voo já em processo de partida é prática “aleatória”, como fizeram agentes da PF no caso de Renato, é um escárnio que pretende ocultar a brutalidade e o racismo do gesto.

Os casos de Renato e Samantha são dois momentos que vieram a público porque foram gravados e denunciados. É provável que atitudes como essa se repitam sem que sejam registradas. Como o ocorrido com Claudinho Silva, ouvidor da Polícia Militar paulista e também conselheiro do Reconexão Periferias, que na última terça-feira teve sua bagagem inspecionada “aleatoriamente” por funcionário de aeroporto em São Paulo. De qualquer maneira, é certo que se repetirão, caso as autoridades responsáveis pela PF e pela administração dos aeroportos não tomem uma atitude para coibi-las.

O Reconexão Periferias, do qual o deputado Renato é um dos conselheiros, exige apuração dos fatos e medidas concretas que interrompam imediatamente a manutenção dessa violência racial. Não apenas os aviões, mas todo e qualquer espaço deve ser acessado por pessoas de todas as cores, gêneros e classes sociais. Essa conquista, ainda em construção, precisa ser preservada das más consciências elitistas e racistas.

Conselho do projeto Reconexão Periferias

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