“O que nós queremos é construir parcerias com os chineses, para que eles possam fazer investimentos (no Brasil), como uma nova rodovia, uma nova ferrovia. Nós queremos investimentos para gerar empregos.”

Foi assim que o presidente Lula resumiu, em entrevista ao programa Voz do Brasil, o principal objetivo de sua viagem à China, para onde partiu na manhã desta terça-feira (11). “A China é hoje um parceiro essencial para o Brasil e para a América Latina, então queremos fortalecer essa relação”, explicou o presidente.

Inicialmente, Lula programou a visita à China para março, mas ele precisou adiá-la para tratar uma pneumonia. Mesmo assim, parte da agenda prevista foi realizada, com encontros entre empresários e membros do governo de ambos países, que acertaram acordos de cooperação especialmente na área da agricultura e do comércio.

Com a ida de Lula, novas parcerias estratégicas serão oficializadas. Lula também deve discutir com o líder chinês Xi Jinping os esforços para pôr fim à guerra na Ucrânia, o fortalecimento dos Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e uma nova forma de governança global.

Outra importante agenda de Lula na China é a participação, na quinta-feira (13), da cerimônia oficial de posse de Dilma Rousseff como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado Banco dos Brics. Dilma se tornou dirigente da instituição em 24 de março.

Parceria fundamental

Brasil e China são parceiros muito importantes um para o outro. Basta lembrar que a China é a maior compradora de produtos brasileiros no mundo, e que o comércio entre os dois países, iniciado 50 anos atrás, movimenta cerca de US$ 15 bilhões por ano.

Por isso, é de interesse dos dois países manter uma relação cada vez mais estreita, o que permite ao Brasil fechar negócios como os que o presidente Lula deseja, ou seja, que aumentem a infraestrutura e gerem empregos no país. Um exemplo é o investimento que a China já faz no Porto de Santos para facilitar e baratear o envio de produtos agrícolas brasileiros.

Segundo Mônica Valente, dirigente da Executiva Nacional do PT que ajudou na preparação dessa viagem, a importância do Brasil para a China também abre espaço para que o governo Lula leve a relação comercial entre os dois países para uma nova etapa. 

“Queremos deixar de ser apenas um fornecedor de commodities para a China, o que é bastante importante, mas queremos aprofundar essa parceria comercial em termos tecnológicos, do desenvolvimento produtivo e, principalmente, da nossa reindustrialização”, explicou, nesta terça-feira, em entrevista à TvPT (assista aqui).

Nesse sentido, os chineses também já demonstraram a intenção de fechar parcerias que ajudarão no desenvolvimento da indústria, da tecnologia e dos setores de energia e meio ambiente dos dois países.

O Brasil voltou ao mundo

A visita ao país asiático é a terceira viagem internacional de Lula em pouco mais de três meses de mandato. Começou com a ida à Argentina  e ao Uruguai, mostrando a importância que dará à integração sul-americana, e depois foi aos Estados Unidos, sendo recebido pelo presidente Joe Biden.

Agora, indo à China, Lula mostra que o tempo de um Brasil isolado e mal-visto globalmente, como foram os últimos quatro anos, ficou para trás. 

“Eu quero fazer uma forte política externa, porque o Brasil tem que voltar a ser protagonista internacional”, ressaltou à Voz do Brasil.

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