O programa Pauta Brasil desta quarta-feira, 14 de julho, debateu as origens do bolsonarismo. Com participações de Cesar Calejon, Jean Wyllys e Rafael Valim, e mediação de Elen Coutinho, diretora da Fundação Perseu Abramo.

Cesar Calejon falou sobre os vetores usados para explicar a eleição de Bolsonaro: “o primeiro foi a construção do antipetismo, o segundo é o elitismo histórico estrutural, o terceiro é o dogma religioso, o quarto é a sensação de antissistema e o sentimento de vale tudo, e o quinto vetor é ligado a questões como uso do WhatsApp nas eleições”.

Ele é autor dos livros ‘A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI’ e’ Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia Covid-19 no Brasil’, e explicou as bases para a construção destes textos.

Rafael Valim é doutor e mestre em Direito Administrativo, diretor da Biblioteca de Direito da Editora Contracorrente. Ele acredita que mesmo que Bolsonaro seja derrotado nas próximas eleições, “não serão apagados” os rastros dele e de seus eleitores. E também defende que nem todo eleitor do Bolsonaro seja fascista, mas questiona como chegamos a este ponto a partir do discurso anticorrupção e falou sobre o uso da Lava Jato naquele momento.

Valim, pelo ponto de vista jurídico, disse que o governo opera “solapando, fragilizando os dois pilares nos quais se sustenta a democracia, atacam os direitos fundamentais não só por meio de pronunciamentos mas na prática. Não estão lá para defender a Constituição e sim destruir os direitos fundamentais”. Para ele, o “Direito está sequestrado pela política e pelos interesses econômicos. Não será o Direito a dar conta disso tudo”.

Jean Wyllys é doutorando em Ciências Políticas na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade de Barcelona, há pelo dois anos se dedica à pesquisa sobre as relações entre o fenômeno da desinformação programadas e dirigidas, o contágio por fake news e a ascensão de governos, partidos e/ou personalidades autoritários.

Ele acredita que ainda iremos estudar muito o fenômeno do bolsonarismo e que o antipetismo é algo construído desde o surgimento do PT. Citou as manipulações do debate de 1989, o sequestro de Abílio Diniz e os sequestradores usando camisetas do partido como dois exemplos mais conhecidos, mas que há desinformação dirigida desde antes do advento das mensagens por celular.

“O uso da homofobia como violência política também é um tema importante para entender o bolsonarismo”, afirmou Jean Wyllys, que também destacou  o populismo e as várias situações de uso de informações contra as lutas do povo brasileiro, assim como “a manipulação do medo na construção de governos de direita, fascistas ou de extrema-direita”

Calejon ainda falou sobre a “tempestade perfeita” que gerou a situação “catastrófica” que temos hoje no Brasil e que as tarefas para o campo progressista são enormes, inclusive para reverter os processos de desigualdade.

Assista a íntegra do programa aqui

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.

Pauta Brasil: origens do bolsonarismo e a conjuntura catastrófica do país