Há 37 anos: Diretas-Já ganha corpo e força
No dia 27 de novembro de 1983, um mar de gente – mais de 15 mil pessoas – tomou a Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, para exigir eleições diretas para presidente da República. O ato convocado pelo PT e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o primeiro grande ato público pela Diretas-Já reuniu, numa tarde de domingo, representantes do PMDB, do PDT e de 70 entidades. “Este é o primeiro de muitos atos semelhantes pelo país até a conquista definitiva das eleições diretas”, disse à época o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Jornal Em Tempo nº182, Lula disse também que “as eleições diretas apenas não resolvem os problemas da classe trabalhadora, e que o importante é a defesa de um programa que atenda aos seus interesses”. Dentre as propostas do programa citado por Lula estavam: liberdade e autonomia sindical, devolução dos sindicatos cassados aos trabalhadores; liberdade de organização partidária e o fim da Lei de Segurança Nacional. O jornal destaca ainda a forte e majoritária participação do Partido dos Trabalhadores.
Mas o caminho para as Diretas era a aprovação da proposta de emenda constitucional apresentada em março pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT). Um dos maiores defensores da emenda foi o senador Teotônio Vilela (PMDB-AL), que percorreu o país buscando apoio de entidades democráticas e dos partidos políticos. O senador morreu naquele domingo, em decorrência de câncer, e foi homenageado pelo público. “Não poderia haver maior homenagem a Teotônio do que esta manifestação pelas eleições diretas”, disse o senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB-SP).
Na véspera, os dez governadores da oposição assinaram manifesto em favor das eleições diretas, mas poucos dirigentes do partido participaram do ato. O sucesso do comício do Pacaembu, entretanto, encorajou o PMDB a encampar o movimento. O governador de São Paulo, Franco Montoro, decidiu convocar um comício-monstro para janeiro de 1984. Até o general presidente João Baptista Figueiredo diria, numa viagem à África, que seria favorável “em tese” às Diretas. No final de dezembro, voltou atrás: “As Diretas agora seriam um fato perturbador”.
E no dia 25 de janeiro de 1984 acontecia o que foi chamado de maior comício pelas Diretas Já, na histórica Praça da Sé em São Paulo, no dia do aniversário da cidade. Lula considera que a mobilização em torno do direito ao voto foi “o maior movimento cívico na história dos 500 anos do Brasil”.
Este texto é um trabalho do Memorial da Democracia, o museu virtual das lutas democráticas do povo brasileiro, mantido pela Fundação Perseu Abramo e pelo Instituto Lula.