Os carteiros e demais trabalhadores e trabalhadoras da Empresa de Correios e Telégrafos decidiram, em assembleias realizadas em diferentes cidades do país, iniciar greve por tempo indeterminado a partir deste 11 de setembro.

A greve é unificada, reunindo as duas principais federações da categoria. Ambas emitiram a seguinte nota, na noite de última terça-feira, dia 10:

“Uma greve é um instrumento legítimo da classe trabalhadora contra as arbitrariedades dos patrões. Por isso os trabalhadores dos Correios de todo o país aprovaram a paralisação das atividades por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (11).

“A ECT se recusou a negociar um novo acordo coletivo e a única pauta apresentada foi para retirar direitos. A empresa alega que compareceu a dez reuniões, mas além de descumprir o calendário e adiar a apresentação do índice econômico, o que aconteceu foi uma manobra para adiar as discussões para depois da data-base da categoria, que é em agosto, jogando os trabalhadores num limbo jurídico.

“Mesmo com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais.

Correios iniciam greve por reposição salarial e contra privatização

Créditos: Sintect/SP

Cinco mil participaram de assembleia na capital paulista

 

“A truculência do general Floriano Peixoto, escolhido diretamente pelo presidente Bolsonaro para comandar os Correios no processo de privatização já fartamente defendido por todo o Governo não é por acaso. Tanto a base governista, quanto a direção dos Correios têm interesse em usar a greve para desgastar a imagem dos trabalhadores. Querem, inclusive, censurar os trabalhadores, proibindo de falar sobre a empresa, o que por consequência também impediria de debater publicamente os reais motivos que levaram à construção do atual movimento grevista.

“A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) e a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) estão conscientes da responsabilidade na condução deste processo e acreditam que só a mobilização dos ecetistas pode garantir uma negociação justa que represente os anseios da categoria. Todos os 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios aderiram à greve. A reivindicação é por um reajuste que cubra pelo menos a inflação do período e contra o corte de direitos.”

Com a ameaça de privatização, este também é o momento de discutir a importância dos Correios para a sociedade, não apenas pelos impactos causados pela paralisação, mas pela necessidade de repensar as relações de trabalho, os problemas reais do povo brasileiro como o desemprego e – principalmente – o projeto de desmonte do Estado que quer destruir o patrimônio público brasileiro, informa a Rede Brasil Atual.

A direção da empresa estatal quer cortar 45 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho, o que, segundo os trabalhadores, representa um prejuízo anual para cada trabalhador em torno de R$ 5 mil. A empresa também oferece apenas 0,8% de reajuste salarial.

Além de defender a manutenção de todas as cláusulas, os trabalhadores querem um aumento linear de R$ 300 por conta de aumento de produtividade, além da reposição da inflação pelo índice IPCA-Dieese. Os carteiros também reivindicam que os valores do acordo coletivo de trabalho sejam reajustados pelo percentual do reajuste salarial, entre outros itens da pauta da categoria.

O que querem os ecetistas?
– Reajuste salarial com reposição da inflação do período (3,25%)
– Não aos cortes de direitos propostos como “medidas estruturantes”
A ECT não dá prejuízo e não depende de financiamento público.
Os trabalhadores dos Correios merecem respeito e dignididade!