Farsa pode levar à anulação do processo que mantém Lula preso
A reportagem do The Intercept Brasil publicada no último domingo evidenciou que o ex-juiz Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e outros da Operação Lava Jato cometeram crimes contra a ordem política e social com o objetivo de prender Lula, inviabilizar sua candidatura à presidência e impedi-lo de dar entrevistas e promover a candidatura de Fernando Haddad.
A divulgação de conversas entre Moro e Dallagnol mostram que a prisão de Lula foi uma farsa, assim como grande parte da operação que condenou e prendeu mais de noventa pessoas. Tudo foi manipulado para tirar a ex-presidenta Dilma Rousseff, prender Lula, mudar a cena política do Brasil e impor ao país um projeto de poder da extrema-direita, que culminou com a eleição de Bolsonaro.
A eleição do Bolsonaro só foi possível devido à interferência da força tarefa da Lava Jato no pleito. As mensagens trocadas entre Dallagnol e Moro mostram que eles agiram deliberadamente, manipulando todo o processo eleitoral. Moro instruiu Dallagnol, propôs mudanças na operação, deu dicas para a investigação, indicou fontes, foi além de sua função de juiz e violou, com isso, a neutralidade do processo.
No caso do triplex do Guarujá, processo pelo qual Lula está preso desde o dia 7 de abril do ano passado, as informações revelam que Dallagnol sabia que não havia ligação entre o apartamento e o esquema da Petrobras. “Até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram estou com receio da história do apto”, disse em trecho da conversa.
Mesmo sabendo da ausência de envolvimento do ex-presidente com contratos da Petrobras e o apartamento do Guarujá, a equipe da Lava Jato deu prosseguimento ao processo e extrapolando seus poderes na Justiça. Com base no discurso de combate à corrupção, Sérgio Moro não hesitou em violar a Constituição, o Código Penal, o Código de Ética e a Lei Orgânica da Magistratura, com o objetivo político de se promover e evitar que Lula retornasse à presidência.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recomenda o afastamento de Sergio Moro. No entendimento da OAB, o afastamento dos envolvidos é necessário “especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita”. A OAB e a imprensa internacional sugerem a renúncia de Sérgio Moro ao cargo de ministro, para que responda criminalmente pela manipulação do processo. Sua permanência implica a possibilidade de destruição de provas essenciais à investigação. Moro, Dallagnol e os procuradores da Lava Jato devem ser afastados dos seus cargos públicos para serem investigados com isenção e imparcialidade. Por outro lado, o processo que condenou Lula deve ser anulado, e o ex-presidente libertado imediatamente.
Segundo o The Intercept, apenas 1% do material foi revelado. Muito da falta de imparcialidade da operação Lava Jato deverá ser revelada nos próximos dias.