Cem dias de Bolsonaro: estagnação econômica e corrupção
Aos cem dias, terminada a lua de mel com o novo governo, Bolsonaro é o presidente mais mal avaliado entre os presidentes eleitos, em primeiro mandato, a partir da democratização. Pesquisa Datafolha realizada com 2086 entrevistas com a população brasileira entre os dias 2 e 3 de abril e divulgada no último final de semana mostra que 32% consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, 33% regular e 30% ruim ou péssimo.
Comparado aos demais presidentes eleitos nesse período, em primeiro mandato, temos:
A pesquisa Vox Populi, encomendada pela CUT, realizada entre 1 e 3 de abril, confirma essa avaliação confirmam essa avaliação. Segundo o Vox Populi, 24% dos entrevistados avaliam negativamente o governo Bolsonaro, 34% avaliam como ótimo ou bom e o mesmo índice como regular.
Já o desempenho pessoal de Jair Bolsonaro, segundo esse levantamento, é considerado regular por 39% da população, e a avaliação é mais negativa (30%) do que positiva (26%). Segundo o levantamento da Vox Populi, um terço da população (34%) se considera pró-Bolsonaro, o mesmo índice se considera neutro (34%) e 30% se dizem anti-Bolsonaro.
A perda de encanto e baixa expectativa se deve principalmente à paralisia do governo durante os primeiros dias, o que frustrou o eleitorado. Para quase dois terços dos entrevistados (61%), Bolsonaro fez menos do que o esperado, 22% disseram que ele cumpriu a expectativa e fez o esperado e 13% avaliam que fez mais do que o esperado.
A alta expectativa do eleitorado, crente nas promessas de uma candidatura que não apresentava projeto, mas indicava uma virada tanto na economia quanto na política, traz resultado negativo após três meses, com estagnação econômica e piora nos índices de desemprego, que hoje atinge 12,7 milhões de pessoas.
A percepção dos que avaliam que a situação econômica do Brasil piorou nos últimos nos últimos meses atinge 31% da população, 22% consideram que melhorou e 20% que ficou igual. Em relação à situação econômica pessoal, metade dos entrevistados (51%) avalia que não houve mudança, 29% consideram que sua situação econômica piorou nos últimos meses e 20% que disseram que está melhor.
Em relação ao futuro, ainda que tenha diminuído, a expectativa permanece positiva. Para 59% a situação econômica pessoal vai melhorar nos próximos messes, 29% avaliam que vai ficar como está e 11% que vai piorar. O mesmo se dá com a respeito da situação econômica do país: 50% da população acreditam que vai melhora, 29% que permanecerá como está e 18% que vai piorar.
Essa expectativa, porém, retrata mais um desejo do que uma mudança de fato. Ao avaliarem alguns itens importantes de desempenho econômico, observa-se projeção negativa para o futuro. A expectativa de que a inflação vai aumentar no próximo período é comum a 45% dos entrevistados pelo Datafolha. Essa taxa era de 27% em dezembro, após a eleição. O Vox Populi aponta resultado ainda mais negativo em relação ao aumento da inflação, já que 63% afirmam que o índice deve aumentar no próximo período.
Segundo o Instituto Datafolha, a expectativa de aumento do desemprego evoluiu de 29% em dezembro para 47% em abril, enquanto a expectativa de que o poder de compra dos entrevistados deve diminuir cresceu de 18% para 33%.
Outro dado que demonstra a frustração da população em relação às promessas de campanha é o de que a corrupção daqui para frente vai aumentar. Em dezembro 19% tinham essa opinião, frente a 58% que afirmavam que iria diminuir. Hoje, a percepção de que a corrupção vai diminuir caiu para 35%, e 40% admitem que irá aumentar.
Para a maior parcela da população (57%), segundo o Vox Populi, o Brasil está no caminho errado e, mesmo preso, Luiz Inácio Lula da Silva é visto por 48% como o melhor presidente que o Brasil já teve. E 55% da população consideram que prisão se deu por motivos políticos e 49% que Moro o prendeu apenas para impedir que fosse candidato a presidente.