O movimento Escola sem Partido (ESP) tem atuado, entre outras frentes, na crítica a livros didáticos utilizados nas escolas brasileiras, que seriam fonte da “ideologização” do ensino (como, aliás, se fosse possível existir um ensino neutro). Em “A Criminalização Ideológica dos Livros Didáticos: A Quem Serve?”, Roberto Catelli Jr. trata desta questão (baixe o livro gratuitamente aqui).

Para o autor, o projeto por trás do movimento não trata somente de projetos de país, mas também do embate sobre os recursos públicos. Ele relembra que entre 2014 e 2016 foram gastos 1,2 bilhões de reais por ano na compra de livros didáticos pelo governo federal e que haveria muitos interesses em abocanhar essa verba do governo. “Não é por acaso que empresas estadunidenses, espanholas, inglesas e investidores individuais de várias partes do mundo vieram para o Brasil abocanhar esse mercado”.

A disputa mascara os interesses econômicos pelos recursos públicos. No artigo “Os protagonista do ESP”, no mesmo livro, Daniele Brait relembra os links de muitos políticos defensores do ESP com grandes empresas da área da educação.

Assim, o movimento ESP -parcialmente derrotado na Câmara esta semana, mas de provável retorno – pode esconder uma tentativa de ampliar a privatização do direito social.

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