Os dados apresentados pelo relatório “País estagnado”, lançado pela Oxfam recentemente, mostram um triste quadro: o Brasil parou de reduzir sua desigualdade nos últimos anos e a renda dos mais pobres vem caindo como percentual da renda média.

Um problema estatístico grave que o Brasil enfrenta agora, como pode ser visto pelo gráfico abaixo, é a incompatibilidade de algumas séries estatísticas, como é o caso das comparações entre a Pnad anual e a Pnad Contínua. Como as séries não são comparáveis, ficamos com essa lacuna abaixo no gráfico entre 2015 e 2016. Mas, de qualquer forma, os resultados mostram que, de 2016 a 2017, o país estagnou no combate às desigualdades e que neste período a renda dos 40% mais pobres em relação à renda média caiu, na contramão da tendência apresentada pelo indicador até 2015.

Além deste problema estatístico apontado pelo relatório da Oxfam, vários especialistas têm mostrado o risco de que o Brasil sofra, em um futuro próximo, um “apagão estatístico” devido à redução drástica de pessoal e de recursos sofrida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Caso isso ocorra – e diversas pesquisas, como a Pesquisa de Orçamento Familiar, já estão sofrendo atrasos – o país terá graves dificuldades em avaliar suas políticas.