Por que continuam perseguindo o PT
Menos de um mês depois das eleições, o PT e suas principais lideranças foram alvo de uma série de ataques por parte de setores do Ministério Público e do sistema judicial. São denúncias falsas, ações e operações espetaculosas, sem fundamento e sem provas, com claro caráter de perseguição política. Expõem o conluio desses setores com Jair Bolsonaro, que tem um só objetivo na política: acabar com o PT.
Nas últimas semanas, o ex-presidente Lula foi submetido de forma irregular a um interrogatório desrespeitoso e agressivo; foi tornado réu na Justiça Federal de Brasília, junto com a ex-presidenta Dilma Rousseff, numa ação sem pé nem cabeça que não prosperou no STF; e nesta segunda (26), foi denunciado pelo MP Federal sem sequer ter sido ouvido, num caso que tenta criminalizar o Instituto Lula.
No mesmo período, o candidato do PT, Fernando Haddad, foi tornado réu numa ação da Justiça de São Paulo em que sequer se define o suposto crime. O nome do PT foi envolvido levianamente em duas operações da Lava Jato e, no domingo, a Polícia Federal vazou ilegalmente mais um trecho da delação mentirosa de Antonio Palloci, apenas para fazer manchetes nos jornais e na Rede Globo.
Esta sucessão de ataques num período tão curto não pode ser tratada como simples coincidência. O PT incomoda Bolsonaro e as elites por trás dele, porque, apesar de todas as perseguições, saiu das eleições como grande força política popular no país. Aliás, a perseguição ao PT sempre foi sistemática por parte das elites atrasadas e autoritárias, que se valem do sistema judicial e da mídia, contra a vontade do povo.
Estes setores, que tanto influenciaram no resultado das eleições – a começar pela injusta prisão de Lula, que retirou do pleito o candidato da maioria da população – continuam agindo para criminalizar o PT e excluir o partido da vida política brasileira. Atuam em sintonia com Bolsonaro, que não desceu do palanque e tem na caçada ao PT sua única plataforma política.
É simplesmente escandaloso que, ao mesmo tempo que promove as mais levianas denúncias contra o PT e suas lideranças, este mesmo sistema judicial feche os olhos ao caixa dois e aos crimes eleitorais evidenciados na prestação de contas da campanha de Jair Bolsonaro.
Ao mesmo tempo em que tratam como crime políticas de governo do PT e o financiamento legal do partido e de nossas campanhas, fecham os olhos às evidências de que Bolsonaro movimentou uma indústria de mentiras em sua campanha eleitoral, indústria que foi articulada e financiada por interesses econômicos e geopolíticos muito claros.
Perseguem o PT porque, há 38 anos, o partido é a voz mais alta do povo brasileiro; que em apenas 12 anos foi capaz de combater injustiças históricas e melhorar a vida de milhões de pessoas, esquecidas e discriminadas durante séculos. Não toleram a verdade: o PT promoveu as maiores transformações em favor do povo e da cidadania.
O ataque ao PT é um ataque à democracia e ao estado de direito, que envergonha o Brasil aos olhos do mundo. Não haverá paz política e social no país enquanto não for reconhecido, na prática, o direito à livre organização política. E o símbolo dessa resistência é a campanha pela liberdade do presidente Lula.
Gleisi Hoffmann é senadora (PT-PR) e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores