Pesquisa mostra 27,3 mi de subutilizados e 12,5 mi de desocupados
A taxa de desocupação no trimestre de julho a setembro de 2018 foi de 11,9%, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC). A taxa é menor que no trimestre anterior (abril a junho), em que foi de 12,4%, e menor que no mesmo trimestre do ano anterior, em que foi 12,4%.
Apesar da queda na taxa de desocupação e na população desocupada (que agra chega a 12,5 milhões), a taxa de subutilização (composta por pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial) foi de 24,2%, maior que os 23,9% encontrados no mesmo trimestre do ano anterior. A população subutilizada (27,3 milhões) ficou estável frente ao trimestre anterior (27,6 milhões de pessoas). Em relação a igual trimestre de 2017 (26,8 milhões), este grupo cresceu 2,1%, um adicional de 559 mil pessoas subutilizadas.
Um fator apresentado pela pesquisa é muito importante para ajudar a explicar a queda da desocupação no Brasil, e vai na mesma direção do aumento da subutilização: o número de pessoas desalentadas (4,8 milhões) subiu 12,6% em relação ao mesmo trimestre de 2017 (4,2 milhões). Embora tenha ficado estável o número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada (exclusive trabalhadores domésticos), o que puxou o emprego foi o setor privado sem carteira de trabalho assinada (11,5 milhões de pessoas), que subiu em relação ao trimestre anterior (4,7%), representando um incremento de 522 mil pessoas. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, subiu 5,5%, um adicional de 601 mil pessoas. A categoria dos trabalhadores por conta própria (23,5 milhões de pessoas) cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior (mais 432 mil pessoas) e subiu 2,6% (mais 586 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2017.
Assim, a PnadC continua mostrando que a queda da taxa de desocupação vem acompanhada do crescimento do emprego sem carteira e por conta própria (e portanto mais precários em termos de segurança e direitos) e devido a uma ampliação do desalento entre os trabalhadores brasileiros: se param de procurar emprego, os trabalhadores deixam de contar como desocupados, contribuindo para que o índice caia.
Até aqui, não há boas notícias para os trabalhadores e as trabalhadoras brasileiros. A reforma trabalhista, que diziam que iria criar seis milhões de empregos (mas nunca provaram como), não conseguiu dinamizar o mercado de trabalho brasileiro, só arriscar direitos adquiridos dos trabalhadores.