O PSDB apresenta divergências internas sobre a relação com o governo Temer, desde a votação contra a denúncia de investigação de Temer na Câmara dos Deputados, no início de agosto, na qual 22 deputados tucanos votaram pelo arquivamento e 21 pela aceitação para que Temer fosse investigado no Supremo Tribunal Federal, muito embora permaneçam unidos quanto às medidas de austeridade e projeto anti-povo.

Do lado mais conservador, o ex-senador, Aécio Neves (MG), afastado da presidência do partido e investigado por corrupção, lidera a ala que poia Temer. Do outro, o atual presidente interino da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE), comanda o partido até as próximas eleições internas, no fim do ano.

A crise do partido chegou ao ápice, na última quinta-feira (17), quanto o partido veiculou propaganda na qual anunciou que o Brasil vive hoje um regime de “presidencialismo de cooptação”, referindo-se ao governo Temer, que troca cargos e recursos públicos por apoio no Congresso. O termo, sugerido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e assumido por Tasso, incomodou parte da base tucana. Outros trechos da propaganda afirmam que o partido errou ao aceitar troca de favores individuais em prejuízo da necessidade do cidadão e que se equivocou ao ceder ao jogo da “velha política”, deixando subentendido se refere ao governo Temer.

Com quatro ministros no governo (Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Direitos Humanos e Cidades), o PSDB hesita em se afastar e mantém o apoio às reformas e pautas econômicas. Aloysio Nunes, ministro das Relações Exteriores, disse que com a propaganda “o PSDB desferiu um tiro no próprio pé” e que nunca pediu dinheiro ou recebeu vantagens para apoiar agendas nas quais acredita. O ministro das Cidades, Bruno Araújo, afirmou que o programa não o representava e deveria ter sido submetido à executiva da legenda. Já o deputado Daniel Coelho (PE), que defende o rompimento com a gestão Temer, elogiou a propaganda partidária, mas pondera que, agora, é preciso estancar a crise interna. Para ele, o partido só terá alguma chance eleitoral em 2018 se reconhecer que errou ao apoiar Temer e mudar sua atitude.

A divulgação do cronograma das convenções por Tasso e a reunião entre Temer e Aécio, no dia 18 à noite, potencializaram a crise. Membros da ala governista do partido já começam a cogitar a troca de Tasso Jereissati por outro nome, menos oposicionista à gestão federal, um dos cotados é o deputado Giuseppe Vecci (GO). Antes, porém, pretendem conversar com o presidente interino da legenda e propor que ele faça uma “correção de rumos”, para que seus discursos reproduzam o que pensa a média do partido, com o intuito de permanecer no comando da sigla e restabelecer a unidade partidária para a disputa eleitoral de 2018.

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