Participação de jovens e mulheres são desafios para os partidos de todo o mundo
Ampliar da participação dos jovens e a democracia interna, implantar a paridade de gênero e transformar os partidos tradicionais em organismos mais fluidos foram os principais desafios em comum apontados pelos participantes da oficina Fortalecimento de partidos progressistas, organização partidária e democracia interna, em 24 de abril, primeiro dia do seminário da Aliança Progressista, realizado em São Paulo.
O secretário-geral da Associação para o Socialismo Democrático, da Índia, Gusmanta Kumar Giri, expôs algumas necessidades para a construção da democracia: bons e sólidos partidos políticos, bons indivíduos e instituições consolidadas que garantam o processo democrático. “Temos em geral encontrado duas abordagens. Uma liberal, que orienta a esquecer o sistema e focar no indivíduo. E uma socialista, que orienta o contrário. Mas na verdade são necessárias ambas as coisas. Se um líder é poderoso demais corre-se o risco acabar com o partido. Mas, ao mesmo tempo, são necessários líderes carismáticos para vencer eleições”, afirmou. Para ele, a democracia é um aprendizado difícil de colocar em prática. “Um partido progressista deve sempre valorizar os princípios básicos da liberdade, democracia e solidariedade. É a capacidade dos homens de fazer justiça que torna a democracia possível”, concluiu.
A vice-secretária geral do Partido dos Socialistas Europeus, Marije Laffeber, mencionou que um um dos principais problemas é que as novas gerações não se interessam por partidos políticos, compostos em sua maioria por homens, cuja idade média é 58 anos. Para ela, não devemos cair na armadilha de considerar que apenas a modernização das formas de comunicação seja importante. “É importante trabalhar junto com as novas gerações, que têm uma formação diferente, pois isso definitivamente vai apontar para o futuro”. Ela também relatou que após a derrota do Partido Socialista na França abriu-se um processo profundo de reformas, com muitos debates. “Uma das mudanças foi a seleção dos candidatos à presidência em primárias abertas, num processo que traz legitimidade aos candidatos”.
O Uruguai tem uma sociedade pequena e muito politizada, na qual os partidos praticamente surgiram antes do estado, segundo a secretária Internacional Viviana Piñeiro. “O Partido Socialista do Uruguai passa atualmente por um processo de reforma dos estatutos cujo principal objetivo é aprofundar a democracia interna. Um dos desafios colocados é como lidar com as correntes internas”, afirmou. Piñeiro elencou uma série de aprendizados que podem ser compartilhados com a Aliança Progressista. “Em 1991, o partido aprovou cota de gênero e posteriormente a paridade de homens e mulheres na direção e nas eleições. Também foi aprovada uma medida de ação afirmativa para renovação dos espaços de direção, com incorporação de um limite para mandatos consecutivos em órgãos de direção, na Câmara e no Senado”.
O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, também destacou mudanças realizadas com o objetivo de estimular a democracia interna e a renovação. “Temos eleições diretas para todos os cargos e também dos delegados para os nossos congressos, com grande envolvimento da militância. No último congresso, participaram 450 mil filiados”, disse. Ele também mencionou que no 4º congresso foi instituída a paridade de homens e mulheres e cotas de 20% para diversificar a participação étnico racial e geracional.
O moderador da mesa, secretário-geral do Foro Progressista Mundial, Doriano Dragoni, destacou que os partidos progressistas devem ser cada vez mais capazes de responder à necessidade de exercer liderança sobre os cidadãos e a militância. “Não basta apenas perseguir resultados eleitorais nas urnas, pois as expectativas da sociedade estão cada vez mais complexas”, afirmou.