A oficina sobre o plano de ações de gênero Não só palavras, mas fatos, durante o seminário da Aliança Progressista realizado em São Paulo, em 24 e 25 de abril, trouxe um panorama da luta pela igualdade de gênero e direitos sexuais reprodutivos das mulheres. O debate teve a participação de Bahia Amra, da Iniciativa Nacional Palestina (PNI), Marja Bijl, vice-presidenta, do Partido do Trabalho da Holanda,  Denise Motta Dau,  secretária municipal de Políticas para Mulheres da capital paulista, e Mathias Tegnér, membro do Parlamento e do Partido Social Democrata sueco. A mesa foi mediada por Laura Slimani , presidenta das Juventudes Socialistas Europeias (YES).

A holandesa Marja Bijl afirmou que a igualdade de gênero é um dos cinco direitos humanos fundamentais, essencial para se criar uma sociedade justa. “Essa igualdade não existe em país nenhum, isso é uma vergonha. Por isso não tenho dúvida de que deve ser uma prioridade de todos”, afirmou. Bijl relatou o caso emocionante de uma jovem refugiada da síria que acabara de conhecer na ilha de Lesbos, na Grécia. “A família dela morreu toda na guerra, exceto o irmão, que se integrou ao Isis e a ‘entregou’  de presente. Ela foi estuprada várias vezes até encontrar um grupo de combatentes sírios, com o qual conseguiu fugir. E finalmente se descobriu que a jovem está grávida. Isso demonstra a necessidade de atendimento específico para as mulheres, inclusive na questão do refugiados. No caso desta jovem, ela precisa de atendimento pré-natal e psicológico devido a todos os traumas sofridos.”

A secretária de Políticas para mulheres de São Paulo, Denise Motta Dau, resgatou a história do debate e da implantação de políticas para mulheres no Brasil, ambos relacionados à história do PT.  “Tanto as mulheres do partido em sua militância quanto os governos nos quais o partido está à frente contribuíram muito para os avanços até hoje”, disse.  Segundo Denise, as políticas baseiam-se em diálogo social, construção de um estado forte e inclusão social e promoção da igualdade. “Podemos mencionar alguns marcos, como a lei Maria da Penha, de 2006, o disk 180, que orienta a mulher em situação de violência, e o programa Mulher, viver sem violência. No município de São Paulo, a prefeitura está investindo em programas de autonomia econômica para as mulheres, capacitação de profissionais de saúde e enfrentamento da violência obstétrica”, afirmou.

Para  Mathias Tegnér, membro do Parlamento e do Partido Social Democrata sueco, o crescimento dos partidos da direita é uma ameaça aos avanços conseguidos pelas mulheres. Na Suécia, elas representam 43% parlamento. “Devemos continuar lutando por esta bandeira, em todos os países”, disse.

A integrante da Iniciativa Nacional Palestina (PNI), Bahia Amra, falou sobre a dificuldade em defender os temas feministas em um território em que o governo palestino não tem jurisdição sobre 40% da população, que vive em Jerusalém. “Na Palestina temos um bom modelo, se compararmos ao mundo árabe. Temos Ongs e partidos de esquerda fortes. Porém, há questões sociais proibidas relacionadas ao islamismo, como o direito ao aborto, o que torna nossa luta mais complicada que em outros países”. Ela afirma que os movimentos feministas estão atuando principalmente sobre a educação de crianças desde o jardim da infância e trabalha com homens e mulheres. Há também as campanhas contra o assassinato de crianças, que constantemente são alvejadas nas ruas. “Estamos nos preparando e nos fortalecendo para o momento em que finalmente tivermos um país”.