Artigo – Impeachment de Dilma: um julgamento sem crime
O analista Antônio Augusto de Queiroz discute o processo de impeachment e alerta para o futuro que o golpe deve trazer consigo
A Câmara dos Deputados, mesmo sem a comprovação da prática ou da ocorrência de crime de responsabilidade, autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, numa clara luta pelo poder.
Sob a presidência de Eduardo Cunha, um dos réus da Lava Jato, que conduziu todo esse processo movido pelo sentimento de vingança ou de acerto de contas com o governo, a Câmara dos Deputados deu aval ao parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), uma peça de mistificação política.
O parecer, que recebeu 367 votos a favor e 137 contrários, alega vagamente a existência de “pedaladas fiscais” e edição de decreto de abertura de crédito sem autorização do Congresso, mas não caracteriza o crime de responsabilidade exigido pelo artigo 85 da Constituição Federal como condição para a abertura de processo de impeachment.