Aceleração deveu-se ao aumento dos grupos educação (5,91%), alimentação (1,9%) e transportes (1,65%)

FPA Informa - Conjuntura 356

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Ano 4 – nº 356 – 24 de fevereiro de 2016
 

ECONOMIA NACIONAL

Inflação persiste, mas resultado externo mostra melhoria expressiva: Apesar da situação recessiva que o país atravessa, a inflação segue sendo uma preocupação para o governo, uma vez que a inércia inflacionária mantém a aceleração dos preços acima do esperado. O resultado do IPCA-15 divulgado ontem aponta para uma alta de 1,42%, acima do verificado no mesmo período de 2015 (1,33%) e superior às expectativas do mercado, que, no limite, previam aumento de 1,38%. Esta aceleração se deveu tanto ao aumento do grupo educação (5,91%), recorrente neste período do ano, quanto à surpresa com o grupo alimentação (que subiu 1,9%) e à elevação do grupo transportes (1,65%) e supera todas as expectativas. Somados, estes três grupos representaram 75% do indicador. Com este resultado, o acumulado em doze meses do IPCA-15 chegou a 10,84%, ainda não criando o viés de baixa esperado pelo BC e por alguns analistas de mercado. Já no âmbito externo as notícias são positivas, com o superávit comercial de janeiro acima do esperado (R$ 643 milhões) e a expectativa de queda do déficit de transações correntes, que poderá fechar o ano em R$ 31 bilhões, cerca de 2% do PIB e menor que a metade do resultado verificado em 2014.

Comentário: A dinâmica inflacionária sofre influência de diversos fatores. No caso brasileiro recente, ainda sentimos os impactos do aumento das tarifas públicas e dos combustíveis de 2015, que se refletem em elevação no preço do grupo transportes em 2016. Além disso, a inércia inflacionária pressiona o preço de alguns serviços, como educação. Por fim, a desvalorização cambial e fatores climáticos (que tem apresentado um efeito mais negativo do que o inicialmente esperado) têm pressionado grupos como alimentação, com elevado peso na ponderação do IPCA. Apesar disso, o tamanho da recessão e a virtual estabilização da taxa de câmbio próxima ao patamar de R$ 4 por dólar tendem a reduzir estas pressões com o passar do tempo, fato que fez o BC prever a queda de 2% no acumulado de doze meses da inflação no primeiro semestre deste ano. Resta saber qual será o impacto da crise e do desemprego na inflação de serviços, que vem caindo lentamente, mas que pode apresentar uma dinâmica de queda mais acelerada caso o cenário econômico recessivo prossiga deteriorando o mercado de trabalho. Por outro lado, o setor externo tem apresentado um ajuste mais veloz do que as expectativas iniciais, em parte devido à queda das importações e viagens, em parte devido ao aumento no volume de exportações derivadas da crise e da desvalorização cambial. Essa folga externa pode não ser suficiente para puxar o crescimento econômico do país (já que o peso das exportações no PIB é pequeno), mas certamente nos garante um espaço para estudar políticas econômicas alternativas, como a utilização de uma pequena parcela das reservas internacionais para reativar o circuito do investimento público no país, sem precisar com isso deteriorar a dívida bruta.

 
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