O déficit primário registrado em 2015 foi de R$ 115 bilhões, equivalente a 1,94% do PIB

FPA Informa - Conjuntura 349

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Ano 4 – nº 349 – 28 de janeiro de 2016
 

ECONOMIA NACIONAL

Resultado fiscal e desemprego mostram legado negativo da era Levy: Os dados divulgados hoje sobre o resultado fiscal e o nível de desemprego em 2015 demonstram o impacto negativo do ajuste recessivo promovido por Joaquim Levy na economia brasileira. O déficit primário registrado em 2015 foi de R$ 115 bilhões, equivalente a 1,94% do PIB. Este resultado se deveu, em grande medida, à desaceleração das receitas públicas causada pela recessão, que apresentaram queda de 6,4% em comparação com o ano de 2015, enquanto as despesas cresceram apenas 2,1%, já considerado o pagamento das chamadas pedaladas fiscais, que totalizaram RR$ 55,6 bilhões. Já a taxa de desemprego calculada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE apresentou queda em relação ao mês de novembro (7,5%), fechando o ano em 6,9%. Esta redução do desemprego é típica das festas de fim de ano, mas deve ser revertida em janeiro. Por outro lado, o aumento do desemprego ao longo de 2015 foi expressivo, contando com uma elevação de 61,4% na população desempregada em relação a dezembro/2014, além de uma queda de 5,8% no rendimento médio real em relação ao mesmo mês do ano passado.

Comentário: Evidentemente os resultados negativos da economia brasileira não podem ser totalmente creditados à estratégia de política econômica do ministro da Fazenda do período. Existem problemas econômicos que vinham se acumulando no passado (como o adiamento de pagamentos a bancos públicos, o represamento de tarifas, etc.), assim como a forte influência da crise internacional no comportamento da economia brasileira. Além disso, os efeitos econômicos negativos da crise política e da Lava Jato ajudam a explicar também a queda da atividade, que eleva o desemprego e reduz a arrecadação tributária. O que fica evidente, no entanto, é que a estratégia de ajustamento recessivo apenas reforçou estes aspectos negativos colocados pelos cenários político e internacional adversos, deixando poucos legados positivos para o futuro da economia nacional. Além do aumento do desemprego, da queda do crescimento e do investimento (que limita o crescimento futuro do país) e da deterioração fiscal (em grande medida aprofundada pelo ajuste recessivo), a inflação também foi elevada, fazendo com que a maior parte das previsões iniciais de sucesso do “ajuste” se frustrassem. Talvez o grande legado positivo da era Levy tenha sido o novo patamar da taxa de câmbio, que incentiva as exportações e contém as importações, fazendo com que o setor externo volte a dar contribuições positivas para o futuro do crescimento no Brasil. Além disso, o pagamento de valores atrasados, assim como realinhamento das tarifas públicas, trará a possibilidade de estabilização destes preços e dos gastos públicos no futuro, mesmo que com um custo negativo elevado no presente.

 
AGENDA DO DIA
EVENTO HORÁRIO ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
Resultado Fiscal/Brasil 09h Tesouro
Taxa de desemprego/Brasil 09h30 IBGE
* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
 
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