A palavra do presidente: A tragédia de Mariana e o freio à sanha predatória
Rui Falcão escreve sobre medidas que possam reabilitar social e ambientalmente as cidades atingidas pela lama tóxica
Esqueçam os críticos de ocasião e os aproveitadores de sempre que se aproveitam da tragédia de Mariana (MG), provocada pela mineradora Samarco, e reflitam sobre a entrevista que o fotógrafo Sebastião Salgado concedeu à “Folha de S. Paulo” de domingo (22).
Militante de causas ambientais e dono de uma fazenda em Aimorés, também no Vale do Rio Doce, Salgado faz sugestões que nós do PT deveríamos apoiar e incentivar os governos federal, estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo e os municípios atingidos a ajudarem a tornar viáveis.
A proposta prevê a criação de um fundo, bancado pelos causadores do desastre, cujos valores, a serem dimensionados, ultrapassariam em muito as pequenas multas até agora fixadas. Isto porque, além das vidas perdidas, houve grandes danos materiais, redução de postos de trabalho, redução de fontes de renda (como a pesca), perda de arrecadação para as cidades, ademais da necessidade de recuperação da fauna, flora, do solo e da água.
O fundo, com controle social adequado, depositado num banco público (o BNDES, por exemplo), ajudaria na reabilitação ambiental de curto e longo prazo, bem como na recuperação das condições de vida e trabalho de quase 4 milhões de moradores atingidos pela lama tóxica.
O desastre de Mariana, causado pela irresponsabilidade do capital (no caso a mineradora controlada pela Vale do Rio Doce e pela multinacional Billinton), deve funcionar como um freio, não ao desenvolvimento, mas à sanha predatória, à ganância e à busca do lucro a qualquer preço.
Rui Falcão é presidente Nacional do PT