Produção industrial tem redução de 7,4% no ano, queda de 6,5% no acumulado de 12 meses e 10,9% na comparação com setembro/2014
Ano 3 – nº 329 – 04 de novembro de 2015
ECONOMIA NACIONAL
Nova queda na produção industrial desacredita esperanças de defensores do ajuste: A produção industrial no Brasil registrou a quarta queda consecutiva no mês de setembro, recuando 1,3% em relação ao mês de agosto, quando já havia caído 0,9%. Com este resultado, a produção industrial apresenta redução de 7,4% em 2015, com queda de 6,5% no acumulado de 12 meses e de 10,9% na comparação com setembro/2014. A maior retração se deu no setor de bens de consumo duráveis, 5,3%, com os bens intermediários também ficando no campo negativo e recuando 1,3%. A única boa notícia é o fato de que, após sucessivas quedas, a produção de bens de capital apresentou uma alta de 1% na comparação mensal, mas ainda soma queda de 31,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Boa parte da queda da produção de bens duráveis se deveu ao setor automotivo, que apresentou redução de 6,7% na produção na comparação mensal, acumulando perdas de 39,3% na comparação com o mesmo mês de 2014.
Comentário: A queda na confiança e na produção industrial enfraquece a tese daqueles que apostavam suas fichas numa reação rápida do setor industrial a uma desvalorização cambial. Na realidade, a desvalorização cambial está apresentando seus efeitos deletérios de curto prazo, ao aumentar o custo dos insumos importados, elevar o endividamento das empresas com passivos em dólar e aumentar a inflação, reduzindo assim o salário real e a demanda doméstica. No longo prazo, a manutenção de uma taxa de câmbio mais competitiva poderá servir de sustentação para uma nova estratégia de industrialização, que deverá contar também com uma queda na taxa de juros, uma nova política industrial e de inovação, mudanças na estratégia de inserção externa (priorizando as relações com os BRICS e reforçando o bloco do Sul) e uma retomada do crédito. A dificuldade para viabilizar este cenário está no fato de que, para adentrarmos um novo momento de crescimento industrial, primeiro precisamos encontrar uma fonte autônoma de demanda que nos retire da recessão atual e garanta horizonte para os empresários privados. Nem a desvalorização cambial nem a esperada retomada da confiança empresarial (em decorrência da estratégia de corte de gastos) se viabilizaram como estratégia de retirada da economia nacional do abismo que adentrou com a adoção do pacote liberal de ajustamento. Para sairmos da recessão e vislumbrarmos uma esperança de recomposição das contas públicas, do emprego e da demanda doméstica será preciso criar uma alternativa viável e estável de demanda, que garanta o mínimo de horizonte para o empresário voltar a investir. Diante do atual cenário externo e interno, apenas o investimento público (devidamente articulado com o setor privado) parece ter capacidade de criar esta fonte de demanda autônoma que tanto necessitamos. O problema, no entanto, é viabilizar politicamente esta alternativa, em um momento em que o discurso pró-austeridade domina o debate público e a crença cega na redução do papel do Estado está na base da maior parte das propostas recentemente apresentadas.
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