Dados divulgados pelo IBGE nos últimos dias apontam para a permanência da recessão na economia brasileira

FPA Informa - Conjuntura 323

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Ano 3 – nº 323 – 15 de outubro de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Vendas no varejo e volume dos serviços caem em agosto: Dois dados divulgados pelo IBGE nos últimos dias apontam para a permanência da recessão na economia brasileira no mês de agosto. Na quarta-feira, foi divulgado que as vendas no varejo apresentaram retração de 0,9% em agosto, mantendo a trajetória de queda que se iniciou há sete meses e que havia se repetido em julho, quando a queda foi de 1,6%. No acumulado de doze meses o resultado é negativo em 1,5%, sendo que a queda alcançou 3% apenas no ano de 2015. No varejo ampliado (que inclui veículos, motos e materiais de construção) a queda foi ainda maior, alcançando 2% em agosto e 5,2% no acumulado de doze meses. Além do varejo, outro setor que apresentou retração foi o de serviços, que registrou queda de 3,5% no volume de serviços prestados no país, segundo informou nesta manhã o IBGE. O setor tem apresentado quedas sucessivas no volume, com exceção de março quando houve crescimento de 2,3%. No acumulado de doze meses, a queda já totaliza 1,1%, sendo 2,6% no acumulado do ano até o mês de agosto.

Comentário: A queda no varejo e no setor de serviços mostra que a recessão brasileira atingiu de uma vez por todas o conjunto dos setores da economia. Em anos anteriores, apesar da retração da produção industrial, o setor de serviços mantinha um ritmo mínimo de crescimento que, dada sua elevada participação no PIB, puxava para cima e mantinha no campo positivo o crescimento brasileiro. O setor varejista, com a manutenção da política do salário mínimo e dos programas de distribuição de renda, também era um reduto importante de crescimento, mostrando que apesar dos nossos problemas na estrutura de oferta, ainda havia demanda doméstica capaz de incentivar os investimentos empresariais. Com a adoção do “ajuste recessivo” no início, a trajetória de desaceleração gradual destes setores se tornou uma trajetória de retração aguda, ampliando a tendência recessiva que já se vislumbrava em 2014. Alguns economistas comemoram este fato, pois acreditam que apenas a redução dos salários (em particular no setor de serviços, onde vinham crescendo acima da inflação) será capaz de recolocar a economia brasileira na trajetória do crescimento, ao reduzir os custos produtivos. O que estes analistas esquecem é que menores salários representam menor demanda, sendo que os empresários não investem porque está menos custoso, mas sim por haver perspectiva de demanda e rentabilidade para seus produtos. Desta forma, o ajuste recessivo reduz as chances de retomada dos investimentos no futuro, ao promover o desemprego, a redução dos salários, a queda do potencial de demanda e, desta forma, os incentivos para os empresários voltarem a investir.

 
Errata: No boletim de conjuntura número 322, foi informado que 111 empresas haviam feito acordos de manutenção do emprego com redução da jornada dentro do âmbito do Plano de Proteção ao Emprego (PPE). Na realidade, este número se refere às empresas que fizeram tais acordos fora do PPE, sendo que o PPE atingiu 15 empresas até o momento, poupando mais de 18 mil postos de trabalho
 
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Volume serviços/Brasil 9h IBGE
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