Instituto Lula lança Memorial da Democracia no ABC Paulista
Lançado no dia 1º de setembro, museu virtual deve servir como fonte de informação e material educativo sobre lutas democráticas no Brasil
Por David da Silva Jr.
Noite fria e garoa fina em São Bernardo do Campo (SP). Na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um evento celebrava a democracia, ao marcar o lançamento de um projeto que reaviva a memória acerca da luta democrática no país. O Memorial da Democracia (clique aqui e conheça o memorial), iniciativa do Instituto Lula, é um museu virtual em constante construção e, no primeiro momento, traz dois módulos que abordam períodos mais recentes da nossa história: de 1964 a 2002. Com casa cheia, o sindicato recebeu diversas pessoas que participaram e participam diariamente desta luta, inclusive um filho ilustre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro módulo (1964-1985) mostra a luta de brasileiras e brasileiros contra o terror imposto pela ditadura militar advinda do golpe de 31 de março de 1964, além de contar a história da retomada das lutas sociais, que levaram à inclusão de uma pauta progressista na Constituição de 1988, que, justamente por conta desta luta, ficaria conhecida como Constituição Cidadã. Já o segundo módulo (1985-2002) registra o momento de reconquista dos direitos políticos pela população brasileira, o que permitiu ao povo impor sua agenda ao Estado, elevando a importância e a capilaridade dos debates acerca da inclusão social e garantia de direitos. Com mais de 700 vídeos e áudios e mais de duas mil fotos que retratam diversos momentos marcantes de nossa história, o Memorial da Democracia serve de subsídio a qualquer pessoa interessada em conhecer melhor a luta por um país democrático.
Em seu discurso, Lula lembrou que a história da democracia é cheia de lutas. “A democracia não está dada, precisa ser trabalhada”. E também da importância de votar, participar e cobrar, pois, para ele, os representantes precisam que o povo os lembre dos compromissos assumidos. “Toda vez que você tem um líder político que se acha imprescindível e insubstituível, começa a nascer um pequeno ditador”. O ex-presidente apontou como necessário o direito à livre manifestação e definiu uma sociedade democrática como sendo uma sociedade em movimentação, em busca da conquista de mais direitos. “Não tem nada mais sagrado que a liberdade”.
Manifestações e a direita
Para Lula, o momento que vivemos hoje é marcado por uma irracionalidade emocional, em que pessoas que gozam o ambiente democrático utilizam seu direito à liberdade de expressão para combaterem valores democráticos.
“Aqui tem gente que foi presa, uns que foram torturados, tem gente que desapareceu. Em torno do que a gente lutava? Sempre que a gente foi pra rua, foi para reivindicar melhores condições de vida para o povo brasileiro e liberdade. Qual é a diferença das nossas manifestações para as de hoje? É que me parece que tem um viés – uma coisa deformante – nessa irracionalidade emocional. Sempre íamos para a rua para para pedir democracia, liberdade, o fim do regime autoritário. Tem gente indo para rua para pedir a volta dos militares e o fim da democracia. Com esses nós temos que pelejar, lutar e debater, porque esses estão pedindo o fim da democracia”, enfatizou, ressaltando que não fazer este debate significa enfraquecer a democracia.
Quanto aos panelaços, o ex-presidente disse que os considera um ato democrático. “A gente não pode ficar nervoso porque tem gente fazendo manifestação contra nós. O que nós temos que medir é se nós merecemos ou não, se fazemos tudo o que deveríamos estar fazendo ou não, se estamos em dívida ou não”.
PT e a democracia
Além dos dois módulos que já estão no ar, Lula informou que o memorial deve ter em breve um bloco sobre a participação democrática nos últimos 12 anos e que está convicto de que os governos do PT construíram o momento de maior participação democrática na história do Brasil e, pautado por esta convicção, afirmou que a CUT e o PT devem reavivar o orgulho de usar camisetas vermelhas pelas ruas do país. “O PT nasceu para mudar a história deste país. Para mudar o jeito de fazer política, para mudar o jeito de governar uma cidade, um estado, a nação. Nós já demos demonstração de que tudo isso pode ser feito da forma mais democrática possível, com a maior participação possível. Um governante nunca pode ter medo de fazer um governo participativo”.
Fotos Sérgio Silva e Ricardo Stuckert/Instituto Lula
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