Cepal: mudanças climáticas, atividades econômicas e políticas públicas

Nos últimos meses, especialmente devido à crise da gestão dos recursos hídricos no Sudeste do Brasil, diversas têm sido as produções científicas e jornalísticas que atentam para a questão das mudanças climáticas e a necessidade urgente de ajuste das políticas públicas à nova realidade climática.

A discussão de como adaptar as políticas públicas e as atividades humanas em geral às mudanças climáticas, no entanto, não se restringe ao Brasil: documento recente da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) – Cambio climático, políticas ambientales y regímenes de protección social: Visiones para América Latina – aponta que as mudanças climáticas se combinam com outros problemas da economia mundial para questionar o regime de organização econômica, política e social atual. Ainda mostra que os efeitos das mudanças climáticas seriam regressivos na ausência de outras políticas e que os países latino-americanos apresentam diferentes capacidades institucionais de lidar com tais desafios.

Ainda, nos dias 26 e 27 de agosto, especialistas se reúnem na sede da mesma Cepal, em Santiago, no Chile, para discutir a agricultura frente às mudanças climáticas, visando contribuir com a nova agenda de desenvolvimento (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030) a ser aprovada em setembro. O encontro centra foco na discussão de adaptação e redução dos efeitos das mudanças climáticas, segurança alimentar e financiamento, e conta com a participação de representantes dos governos da região, pesquisadores e especialistas do setor privado. Entre as maiores preocupações do seminário estão a discussão do risco que as mudanças climáticas trazem à soberania alimentar e ao combate à fome, bem como discutir como tornar a agricultura ecologicamente sustentável.

Em uma região com tantas fragilidades institucionais e em que a agricultura tem tanta importância, espera-se que as discussões possam efetivamente contribuir para a implementação de novas políticas públicas na região, de forma a diminuir os impactos das mudanças climáticas.