Expectativa de queda do PIB de aproximadamente 2% em 2015 tem múltiplas explicações

FPA Informa - Conjuntura 297

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Ano 3 – nº 297 – 28 de julho de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Crise política, Lava Jato e ajuste recessivo explicam queda do PIB: A expectativa de queda do PIB de aproximadamente 2% no ano de 2015 tem múltiplas explicações, sendo a crise política que se instaurou no país com a Operação Lava Jato e a decisão do governo de promover o ajuste recessivo em um momento de desaceleração cíclica da economia brasileira os fatores de maior peso neste cenário. Não é possível auferir com grau razoável de certeza o impacto relativo destes eventos, mas certamente o conjunto destes fenômenos, juntamente ao prosseguimento da crise externa (com seu mais recente capítulo na crise da bolsa de valores chinesa), explicam as razões por trás da contínua deterioração da confiança na economia brasileira. A operação Lava Jato, que se estende a todos os partidos relevantes do cenário político e envolve quase todos os poderes da República, criou um cenário de incerteza política que impede a criação de coalizões sólidas, que permitam ao governo implementar sem maiores custos seu projeto. Ao mesmo tempo, o projeto do segundo governo Dilma apostava inicialmente na recuperação da confiança do empresariado através da adoção de medidas recessivas de cunho liberal (demandadas pelos mercados), como a elevação dos juros para combater a inflação e o ajuste fiscal para reequilibrar as contas do governo. No entanto, em um cenário de profunda instabilidade política e queda da demanda (tanto interna quanto externa), os empresários parecem se retrair ainda mais, fazendo a economia adentrar em uma espiral recessiva. A superação da crise política, a constituição de uma nova e mais forte base de apoio parlamentar e a mudança de orientação do projeto de governo inicialmente tentadas são fatores decisivos para que o país volte a apresentar taxas de crescimento positivas, superando também a delicada situação fiscal atual.

Comentário: A solução para a crise política que adentramos passa necessariamente pela superação dos efeitos deletérios produzidos pela operação Lava Jato. Se por um lado a investigação e punição de crimes contra a administração pública auxiliam no avanço do país e fortalecem a democracia, por outro esta operação gerou um cenário de profunda instabilidade política e econômica no curto prazo, seja pela forma autoritária com que foi conduzida, seja pelo impacto natural produzido por uma operação que envolve algumas das maiores empresas do país. No caso do Brasil, onde os acordos de leniência estão ainda em fase experimental, os efeitos econômicos de uma investigação deste calibre são maiores do que em países que já aprenderam a separar a punição aos dirigentes de suas empresas, punindo as companhias sem o risco de dissolvê-las. Diante da crise política e da incerteza derivadas da operação, o oportunismo político tomou conta da maior parte dos partidos e parlamentares, que agem de maneira irresponsável e irracional, ora para salvar a própria pele, ora para enfraquecer os adversários a qualquer custo. O exemplo mais recente partiu do PSDB, que sob a liderança contestada de Aécio Neves, decidiu adentrar oficialmente o coro pró-impeachment, mesmo reconhecendo que não há elementos fáticos para promovê-lo. Em um cenário tão conturbado, a reorganização da base política e parlamentar do governo passa pela sinalização de mudanças nos rumos da estratégia de governo, que viabilizem a reconciliação do governo petista com suas bases de sustentação social. Insistir na estratégia atual de promover concessões aos setores oposicionistas e com inclinações golpistas não será suficiente para criar o cenário de estabilidade política necessária para a retomada do crescimento econômico.
 
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