Resultado superou as expectativas do Banco Central, que esperava déficit mensal de US$ 6 bilhões

FPA Informa 276

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Ano 3 – nº 279 – 26 de maio de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Déficit em transações correntes segue elevado, mas cai no acumulado de doze meses: O déficit externo do Brasil no conceito de transações correntes (que inclui comércio, serviços, rendas e transferências unilaterais, recentemente renomeada para rendas secundárias) foi de US$ 6,901 bilhões no mês de abril. Este resultado superou as expectativas do Banco Central, que esperava déficit mensal de US$ 6 bilhões, mas representou uma redução no acumulado de doze meses, que passou de 4,57% do PIB em março para 4,53% do PIB em abril, o equivalente a US$ 100,225 bilhões. Um dado que chama a atenção é a redução do déficit em viagens internacionais, calculado na conta de serviços: enquanto no primeiro quadrimestre de 2014 o saldo negativo desta conta (gasto de brasileiros no exterior menos os gastos de estrangeiros no Brasil) somava US$ 5,921 bilhões, passando para US$ 4,795 no primeiro quadrimestre deste ano. Do lado da entrada de capitais, os Investimentos Diretos no País (antigamente chamados de Investimentos Estrangeiros Diretos, ou IED) somou US$ 5,777 bilhões em abril, também acima da previsão do Banco Central de entrada de US$ 4,2 bilhões. Em doze meses, o IDP se reduziu de 3,96% do PIB até março para 3,89% do PIB em abril.

Comentário: Apesar de ter apresentado uma leve redução no acumulado de doze meses, o déficit externo brasileiro segue em patamares preocupantes, em particular devido a deterioração da balança comercial nos últimos anos, decorrente em grande medida da queda no volume e valor de nossas exportações. Até o momento, parece que o Brasil não apresenta dificuldades de atrair capitais para sanar os déficits em transações correntes, seja na forma de Investimentos diretos, seja na forma de investimentos em carteira (financeiros). Além disso, o futuro do setor externo brasileiro parece promissor do ponto de vista do financiamento, tendo em vista que a perspectiva para o crescimento das receitas do pré-sal nos transformaria em um país estruturalmente superavitário em um futuro próximo. Apesar deste cenário positivo para o financiamento e para a reversão futura da balança comercial (e, consequentemente, melhoria da balança de transações correntes), o grande desafio do país é retomar o crescimento das exportações, em particular de bens de maior valor agregado, que perderam espaço em nossa pauta exportadora nos últimos anos. A manutenção de um câmbio desvalorizado, de políticas industriais e de incentivo à exportação, assim como de políticas de conteúdo nacional e de substituição de importações, pode contribuir decisivamente para aliviar as pressões sobre o setor externo brasileiro que hoje ainda nos preocupam, mesmo com o cenário positivo do ponto de vista do financiamento.
 
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