Livro relata abusos do exército israelense na Faixa de Gaza em 2014
Ong Quebrando o Silêncio lança depoimentos de soldados que atuaram na operação que matou mais de 2000 palestinos
Ong Quebrando o Silêncio lança depoimentos de soldados que atuaram na operação que matou mais de 2000 palestinos
De 7 de julho a 26 de agosto de 2014, as Forças de Defesa de Israel (FDI) deflagraram sobre a Faixa de Gaza a Operação Margem Protetora. Sob o pretexto de destruir túneis e lançadores de foguetes do Hamas, Israel espalhou o terror e a destruição, sendo mundialmente repudiados, até mesmo por seu maior apoiador, os Estados Unidos. O resultado da força indiscriminada, segundo a ONU: 2131 palestinos mortos, sendo 501 crianças e 257 mulheres. Quando os tanques das FDI retornaram para Israel, a Faixa de Gaza estava em escombros.
Nesta segunda-feira, 4, a ong israelense Quebrando o Silêncio lança o livro This is How We Fought in Gaza 2014 – Soldiers’ Testimonies from Operation ‘Protective Edge’ (É Assim que Lutamos em Gaza 2014 – Testemunhos de Soldados sobre a Operação Margem Protetora), que traz relatos de 60 militares, entre oficiais e praças, que atuaram na ação de 2014. Segundo a organização, os depoentes informaram que foi dada ordem para atirar em qualquer um que estivesse na área e a artilharia bombardeava aleatoriamente áreas residenciais.
“Esses testemunhos levantam um quadro alarmente da política de fogo indiscriminado que levou à morte civis inocentes. O que se percebe é que há uma falha ética enorme nas regras de engajamento das FDI, falha que vem do topo da cadeia de comando e não resultado de algumas ‘maçãs podres’, afirma um dos diretores da ong Quebrando o Silêncio, Yuli Novak. A ong ainda pede por um comitê externo de investigação das ações e das regras de engajamento das FDI.
Quebrando o Silêncio
Criada em 2004 por veteranos das FDI, a ong Quebrando o Silêncio coleta testemunhos de soldados que atuaram nos Territórios Ocupados da Palestina (Gaza e Cisjordânia) ou operações como a do ano passado, de forma a denunciar os abusos cometidos contra o povo palestino. Seus membros também realizam palestras e excursões aos territórios para conscientizar israelenses e estrangeiros sobre como é a vida dos palestinos sob a opressão israelense. Em 2014, a FPA entrevistou um dos diretores da ong, Yehuda Shaul (leia aqui).
– A volta à ‘normalidade’ nos territórios ocupados
Fotos: Acervo Quebrando o Silêncio e Unicef/UN