FPA Informa 244 – Inflação cai no atacado, mas acelera no varejo
ECONOMIA NACIONAL
Inflação cai no atacado, mas acelera no varejo: Dois índices de inflação divulgados nesta manhã apresentam um comportamento díspar: enquanto o índice do varejo (IPC-Fipe) apresenta aceleração acentuada, o do atacado (IGP-M) mostra-se mais comportado. O IPC-Fipe, calculado apenas para a cidade de São Paulo, registrou alta de 1,78%, puxado pelos grupos alimentação, transporte (de 4,15% em janeiro para 5,10% na última leitura) e habitação (de 0,41% para 0,84%). O aumento de preços da gasolina e dos transportes urbanos foi o principal fator para a alta no grupo transportes, enquanto o aumento das tarifas de energia elétrica certamente pressionaram o grupo habitação. O grupo alimentação, apesar de apresentar queda no viés inflacionário, ainda apresentou alta de 1,18% ante elevação de 1,57% na leitura anterior, influenciado pelas entressafras e seca que marcam esse início de ano. Já o IGP-M, que entre seus componentes tem grande peso para a inflação no atacado, apresentou alta de apenas 0,09% na primeira prévia do mês, desacelerando dos 0,29% registrados no mesmo período em janeiro. O Índice de Preços no Atacado (IPA), que representa 60% do índice total, caiu de 0,23% em janeiro para -0,34% nesta leitura. Enquanto isso, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com 30% de peso no índice total, acelerou de 0,51% para 1,10%, reafirmando o descasamento entre inflação no varejo e no atacado.
Comentário: O aumento da inflação no varejo decorre, em grande medida, das correções de preço de gasolina e energia elétrica neste inicio de ano, somado a algum repasse para os preços dos aumentos de tributos e da pressão do preço de alimentos, que ainda sofre com questões climáticas após um verão seco. É possível que fevereiro apresente novas taxas elevadas de inflação no varejo, não apenas pelo contínuo efeito destes aumentos, como também pela alta no preço das mensalidades escolares. Esta tendência de aceleração deve, no entanto, se dissipar ainda no primeiro trimestre, tendo em vista a queda nos preços no atacado e na atividade econômica, que reduzem a demanda pelos produtos e forçam uma maior competição entre os empresários para se manter no mercado. A hipótese de a inflação não fechar o ano dentro da meta existe e está sendo aventada pelo mercado financeiro, mas é bastante difícil prever tal fato ainda neste início de ano, pois é incerto o efeito sobre os preços do ajuste fiscal e monetário hora em voga, assim como é incerto o patamar em que fechará a taxa de câmbio, outro fator fundamental para o cálculo da inflação. A princípio, sabemos apenas que este comportamento díspar entre inflação no varejo e no atacado aponta para uma contenção das pressões inflacionárias no varejo (e, portanto, uma redução no ritmo de alta do IPCA) nos próximos meses, apesar de fevereiro ainda estar prejudicado pelas altas de tarifas e preços administrados.
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