FPA, FES e Carta Maior abordam o setor de transportes
Seminário reúne acadêmicos, governo e entidades para debater realizações e desafios do setor
O setor de transportes como alavanca tecnológica, as políticas públicas e os investimentos aplicados e necessários para mudanças a um modal mais eficiente, tanto de cargas quanto de passageiros, além dos impactos ambientais e de novos modelos para o futuro. Estas foram as algumas das discussões do seminário Transportes: dimensão chave para um Brasil sustentável, organizado pelas fundações Perseu Abramo (FPA) e Friedrich Ebert (FES) e pelo portal de notícias Carta Maior.
Professor Dowbor deu início ao debate
O evento teve lugar em São Paulo, na quarta-feira, 19, reunindo representantes do governo, sindicalistas, organizações não-governamentais e dezenas de acadêmicos. “Espero que busquemos pontos em comum, encontremos consenso aprofundando os temas”, afirmou Joaquim Soriano, diretor da FPA e um dos coordenadores da mesa, juntamente com Gonzalo Berron, da FES, e Joaquim Palhares, da Carta Maior.
“Nosso intuito é discutir os transportes não apenas do ponto de vista da logística, mas econômica, sustentável, da mobilidade urbana. Isso é uma questão de diálogo com vários setores, âmbitos do Brasil”, explicou Berron. Segundo Palhares, o seminário é a oportunidade de um debate significativo em “um momento complicado de conjuntura”.
O economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor, abriu os trabalhos, lembrando que perdemos visão sistêmica e entramos na lógica das empreiteiras e montadoras. “Nós temos de repensar nossa matriz intermodal, tanto de carga quanto no transporte pessoal. Nossa cabotagem é pouco utilizada, nossos eixos de transporte ferroviário são mínimos. A América Latina é oca, temos uma Bacia Atlântica e Bacia do Pacífico, mas dentro não há ligação. Precisamos de racionalidade nos processos e um conceito mais amplo de governança.”
Acadêmicos e representantes de ongs e do governo em debate
Mudança nos modais
José Augusto Valente, ex-secretário de Política Nacional dos Transportes no primeiro governo Lula (2003-2006), rebateu o que chamou de “falácias”, sendo a principal delas a de que a “a infraestrutura logística do país o tenha impedido de ser competitivo”. Valente apresentou dados do crescimento do comércio exterior do Brasil nos governos Lula e também de uma pesquisa da CNT, de 2014, mostrando que com 94,6% de rodovias pesquisadas (100 mil km), 77,1% estavam em boas condições.
Outro ponto abordado por Valente foi a porcentagem dos modais de transporte no país em 2005 (60% rodoviário; 25% ferroviário; 13% hidroviário) e sua estimativa para 2025 (33% rodoviário; 32% ferroviário; 29% hidroviário). Maurício Carvalho, secretário do PAC, do Ministério do Planejamento, em sua fala, complementou esses dados com números de 2011 (52% rodoviário; 30% ferroviário). Os debates prosseguiram no período da tarde, com foco na questão ambiental, como uso de fontes de energia limpa e o impacto na qualidade de vida, tanto urbana quanto rural.
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Fotos: Sérgio Silva