‘Nossa luta é por direitos, não privilégios’
A situação dos povos indígenas e as polítias ameríndias foram debatidas na sexta edição do Ciclo sobre Democracia, em SP
A sexta edição do Ciclo sobre Democracia organizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e Fundação Friedrich Ebert (FES) aconteceu na segunda-feira, dia 19, debatendo políticas ameríndias com representantes de povos indígenas, especialistas e estudiosos no tema.
Marcos Tupã, coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa (SP), relatou as dificuldades atuais para a entrada das demandas dos povos indígenas na pauta política. “A vida nas aldeias está muito difícil. Tivemos avanços mas muitas coisas não foram encaminhadas. Diálogo é importante mas queremos saber o que vai ser feito com relação à questão indígena”.
Otoniel Ricardo, do Conselho Continental da Nação Guarani
Sonia Guajajara, da Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, apresentou alguns números: os indígenas já contabilizaram mais de cinco milhões de pessoas. Hoje são apenas 897 mil, 305 povos e 274 línguas. Para ela falta informação sobre a vida nas aldeias (ou fora delas já que há acampamentos até nas estradas do país).
“Nossa luta não é por privilégios e sim por direitos”, afirmou Sonia, sem antes comentar a necessidade de mudanças no sistema econômico e político. Ela ainda falou sobre criminalização dos movimentos sociais, as urgentes e necessárias demarcações que ainda não ocorreram, sustentabilidade, democratização da mídia e direito à terra.
Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Terra sagrada
Otoniel Ricardo, do Conselho Continental da Nação Guarani, disse haver muita teoria e pouca prática. “Os povos indígenas estão em vários locais, mas eles sofrem todas as consequências do descobrimento do Brasil. Nosso maior problema é a terra, que para nós é sagrada, faltou pensar um projeto que garantisse nossa cultura e o direito de sermos quem somos.”
Marcos Tupã, coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa
Paulo Maldos, Secretário Nacional de Articulação Social da Presidência da República, concordou com os representantes dos indígenas e afirmou que o momento é de luta para não perder avanços adquiridos com a Constituição de 1988. Para ele, é fundamental “derrotar o projeto do agronegócio. Para crescer e se desenvolver não é preciso agronegócio atuando como faz”.
Paulo Maldos, Secretário Nacional de Articulação Social da Presidência
O Ciclo
O Ciclo está em sua sexta sessão, de um total de oito que serão realizadas até junho. Cada sessão terá três intervenções iniciais, seguidas de debate com a sala e o público, com transmissão online exclusiva da tevêFPA. Os debates serão realizados na FPA e transmitidos online (tevêFPA).
A primeira mesa do Ciclo de Debates sobre Democracia aconteceu no dia 12 de março, com a presença de Rodrigo Nunes (PUC-Rio), Paulo Vannuchi (Instituto Lula) e mediação de Joaquim Soriano, da FPA, e de Jean Tible, da FES. Veja aqui vídeo com a íntegra do debate.
A segunda mesa teve como tema A Nova Polícia e a Democracia, realizada na quarta-feira, 26, e foram convidados para o debate a doutora em Ciência Política e pesquisadora do IUPERJ, Jacqueline Muniz; o historiador e militante da Uneafro, Douglas Belchior; e o vereador do PT de Porto Alegre (RS), Alberto Kopittke, que ajudou a coordenar a 1ª Conferência Nacional de Segurança, no governo Lula, sendo, em 2011, no governo Dilma, secretário-adjunto nacional de Segurança Pública.
A terceira mesa ocorreu no dia 9 de abril, debatendo o tema “Rolezinhos, consumo e periferia”, com a participação de Rosana Pinheiro Machado (pesquisadora da Universidade Oxford), Gabriel Medina (coordenador de Políticas para Juventude da Prefeitura de São Paulo), MC Chaveirinho.
Já a quarta edição debateu, em 23 de abril, a Copa do Mundo e as cidades, com a participação de Wagner Caetano, da Secretaria Geral da República, Esther Solano, professora da Unifesp, e Natalia Szermeta, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
E a quinta, no dia 7 de maio, o tema foi a participação popular e política distribuída com Patricia Cornils, do Transparência Hacker, Gisele Craveiro, professora da USP, Guilherme Flynn, professor da Universidade Metodista, e Bernardo Gutierrez, do Futura Media.
A próxima sessão será no dia 4 de junho e debaterá o tema das políticas de drogas.
Fotos: Sérgio Silva