Comunicado da Araña Feminista, rede de coletivos feministas socialistas e de mulheres na Venezuela, sobre a atual conjuntura política do país

Por Araña Feminista

Mais uma vez, a direita opositora venezuelana não reconhece os mecanismos democráticos da Constituição Bolivariana, uma vez mais se desespera e pretende deslegitimar o povo que se manifestou contundentemente em duas eleições no ano passado, criminalizar sua luta e acabar com suas conquistas. Depois de 18 derrotas eleitorais, a última há dois meses, torna a semear o caos. Não lhes basta atentar contra a vida cotidiana provocando o desabastecimento e filas intermináveis nos supermercados com a redução de pessoal nos caixas. Não lhes basta sabotar serviços públicos como o de distribuição de energia elétrica. Não lhes são suficiente os golpes cambiais. Agora, querem sangue.

Desde o dia 12 de fevereiro, grupos reduzidos atentam contra os direitos cidadãos em algumas zonas de Caracas, São Cristóvão, Valencia e Maracaibo, todas coincidentemente governadas por alcaides da oposição. Em setores muito pontuais, os violentos radicalizados não reconhecem que até suas/seus própria/os partidárias e partidários têm direito ao livre trânsito, a receber atenção médica, a serviços públicos, ao transporte público e inclusive seu tão defendido conceito do “privado”. Seus objetivos foram desde a casa da família de um governador, até os escritórios do Ministério Público e outros ministérios, centros esportivos, centros culturais, praças públicas, centros de saúde e as estações do metrô e ônibus.

Outro lado dessa investida é o que circula pelas chamadas redes sociais. Tem-se promovido a crença, sobretudo fora de Venezuela, que meios como twitter ou facebook são verdadeiros e operam em tempo real. É assim que temos assistido ao sacrifício da verdade e da realidade, com fotos de manifestações chilenas, egípcias, fotos de crianças sírias assassinadas, de nacionalistas bascos torturados e até com a cena de um filme pornô que circula nas redes, como se fossem das ruas da Venezuelas. A intenção foi mostrar o governo venezuelano como repressor e violador dos direitos humanos, apesar de que nunca os órgãos de segurança do Estado foram tão respeitosos ao direito à manifestação como agora.

Por último, e sempre como parte de sua estratégia, está a satanização do povo organizado e revolucionário. Ao longo da história recente, fomos chamados de círculos de terror, grupos armados do chavismo, hordas para-institucionais, e agora pretende manchar o conceito de “coletivo”. Hoje vemos como nas manchetes, nas notícias e, claro, nas redes sociais, as organizações do povo são criminalizadas.

Hoje, mais do que nunca reivindicamos a organização popular, o trabalho coletivo, as organizações feministas, a construção do novo Estado Comunal desde as bases, com a força que tem a revolução bolivariana. Contra o capitalismo patriarcal e o fascismo, nosso poder não está nas armas ou nos grupos de motociclistas, que sabemos serem pagos pela oposição, e que usurpam nossas bandeiras e símbolos, mas na nossa capacidade de sonhar, criar e defender nosso sonho de uma pátria/mátria feminista livre e soberana que não tenha fronteiras no continente “Nossoamericano”.

Somente nossa disciplina e ações como coletivos e movimentos sociais partes do movimento é o que têm imepdido os planos oposicionistas e imperialistas de guerra civil e verdadeira destruição se concretizem. Somente nossa confiança em nosso Estado revolucionário e seus líderes é o que levou ao fracasso os planos desestabilizadores. E sabemos que o que os lacaios do império mais temem é nossa capacidade de organização.

Quando os coletivos e movimentos sociais revolucionários considerarem necessário defender a revolução bolivariana com algo mais que nossos poderes criadores, não taparemos nosso rosto, não usaremos a noite como amparo, não seremos poucas e poucos, não ficaremos em nossa zona de conforto, seremos um rio crescente disposto a dar a vida pela Venezuela, por nosso Comandante e seu legado.

Um povo organizado só é perigoso para a oligarquia e os interesses imperialistas. Dessa forma, repudiamos qualquer intenção por parte do império gringo de intervir em nossos assuntos, e gritamos em alto e bom som:

Respeitem-nos, somos um povo livre e soberano!
Aqui há povo organizado e mulheres patriotas em pé de guerra.
PELA MÁTRIA, PELA PAZ E PELA VIDA!

Venezuela, 17 de fevereiro de 2014.
Araña Feminista  é uma rede de coletivos feministas socialistas e de mulheres na Venezuela.