O que nos importa é saber que o Brasil está melhor preparado para uma nova crise internacional, como assegurou a presidenta Dilma Rousseff na mensagem ao Congresso

Por Newton Lima

A empresária Luiza Trajano, da Magazine Luiza, acertou na mosca ao dizer, no programa Manhattan Connection, da Globo News, que os pessimistas só “veem o copo do lado vazio, nunca do lado cheio.” Ela mostrou que 2013 foi o ano do varejo no Brasil porque houve aumento do crédito, da renda, do emprego e a queda na inadimplência. Mais uma razão para desmoralizar a ‘guerra psicológica’ desencadeada pela oposição com apoio de setores da grande mídia contra o governo da presidenta Dilma Rousseff.

A intensidade das teses catastrofistas, não obstante, só vem aumentando, em especial depois dos anúncios da possível retomada da economia norte-americana, que retiraria dólares dos países emergentes, e o da desaceleração da economia chinesa, que provocou queda nas Bolsas de vários países, inclusive no Brasil. É certo que a economia mundial está em uma fase de transição, que os investidores estão inquietos e que o Brasil não é imune às convulsões do mercado mundial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considera as turbulências internacionais passageiras; na contramão dos pessimistas, ele ressalta que, com a retomada do crescimento, os EUA vão importar mais dos emergentes.

O que nos importa é saber que o Brasil está melhor preparado para uma nova crise internacional, como assegurou a presidenta Dilma Rousseff na mensagem ao Congresso. Temos uma dívida externa de curto prazo baixa; em 2013, só dois emergentes tiveram superávit primário – Brasil e Turquia. Nossas reservas cambiais são de US$ 375 bilhões, ou seja, o país tem uma alta capacidade de intervenção no mercado. Não será preciso provocar recessão e desemprego, como querem alguns economistas tucanos, aliados da alta finança.

É evidente que o crescimento da economia não atingiu os índices esperados devido ao cenário internacional, mas, mesmo assim, em 2013 a produção industrial cresceu 1,2%; os investimentos estrangeiros diretos foram de US$ 64 bilhões e a balança comercial registrou superávit de US$ 2,6 bilhões. A balança comercial, aliás, nunca registrou déficit nos governos petistas, algo muito diferente dos seis primeiros anos de FHC. Enfim, o país enfrentou a crise internacional e conseguiu crescer, mesmo que de forma modesta.

Pela ótica do trabalhador, crise existe quando há falta de emprego. Os dados do IBGE mostraram, porém, além do baixíssimo desemprego, que entre 2003 e 2012 o número de trabalhadores negros ou mestiços com carteira assinada igualou-se, praticamente, ao da população branca. Em dezembro passado atingimos a marca de 50,7% de trabalhadores com carteira assinada no setor privado.

Os arautos do caos vaticinam que em 2014 teremos crise. Ora, mas os dados reais não permitem que façamos essa afirmação peremptória.  Em 2013, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude injetaram na economia US$ 6,13 bilhões; foram 4,3% a mais de empregos no setor. Esse é um indicativo do que representará a Copa das Copas. De 2010, quando foram iniciados os preparativos, até a realização da Copa, serão gerados 3,6 milhões de empregos, de acordo com o Ministério dos Esportes.

Com o novo marco regulatório do setor portuário, em 2013 foram autorizados nove terminais para uso privado, um investimento de R$ 6,3 bilhões. Há outros 54 pedidos em análise para este ano. Novas concessões, em especial das ferrovias, e investimentos em infraestrutura já estão programados. A Petrobras caminha a passos largos para voltarmos a ser um país exportador de petróleo; em dezembro a empresa produziu 2,36 milhões de barris/dia, produção maior que as de novembro e outubro. O pré-sal já contribuiu com 371 mil barris/dia. Na habitação, a meta do governo é encerrar este ano com 2,75 milhões de casas contratadas para a população de baixa renda. Isso para citarmos alguns exemplos.

O mercado nacional começará a absorver uma mão-de-obra qualificada que irá ajudar, cada vez mais, nossa indústria a ser mais competitiva. Só pelo Pronatec, estamos capacitando 5,7 milhões de pessoas. E, para finalizar, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, durante uma palestra no Reino Unido, reafirmou que as medidas do BC manterão a inflação sob controle e que o país seguirá crescendo.

Exemplos há de sobra para perguntarmos: e para você, com sinceridade, o copo está meio vazio ou meio cheio?

Newton Lima é deputado federal (PT-SP), doutor em Engenharia Química, foi prefeito de São Carlos e reitor da UFSCar.
Artigo publicado originalmente em www.ptnacamara.org.br