Pesquisadores analisaram uma análise do modelo de desenvolvimento que levou ao crescimento da economia no país entre 2004 e 2010

Na mesa “Padrão de acumulação e desenvolvimento brasileiro”, foi apresentado o estudo homônimo dos economistas Vanessa Petrelli (que apresentou o estudo), Claudio Hamilton Santos e Júlia Braga. Os pesquisadores desenvolveram uma análise do modelo de desenvolvimento que levou ao crescimento da economia no país entre 2004 e 2010, período em que alguns fatores se combinaram para impulsionar o desenvolvimento do país, como: crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no exterior, um conjunto de controles macroeconomicos, e aumento da distribuição e transferências de renda e investimentos do Estado.

Os pesquisadores destacaram que, além dos programas de transferência como o Bolsa Família, o crescimento deve-se em grande parte à valorização real do salário mínimo. Essa distribuição de renda estimulou a demanda e aumentou o emprego, impulsionou investimentos liderados pelos bancos públicos, além da oferta de crédito direto para o consumo. Esse modelo, afirmam ainda os pesquisadores, não foi observado em outros países dos Brics (acrônimo que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) , que tiveram crescimento sem a ampliação da distribuição de renda no mesmo período.

Fórum FPA 2013: Padrão de acumulação e desenvolvimento brasileiro
Mesa Padrão de acumulação e desenvolvimento brasileiro

Esse modelo, em 2010, teve que ser ajustado com a redução do crescimento do PIB em todo o mundo, e o comércio global cai abruptamente. O governo adotou então a desoneração, a redução da taxa de juros e a desvalorização do câmbio. A desoneração impactou na arrecadação tributária, mas os investimentos de transferência de renda foram mantidos. No entanto, esses ajustes que pretendiam atrair os investimentos privados para a produção brasileira não foram bem sucedidos.

Vanessa, coordenadora do estudo, apontou os debates que precisam ser feitos pelo governo para manter o crescimento com a distribuição de renda. “Um passa pela inflação, que é usada por setores rentistas para submeter a economia brasileira a paradigmas conservadores e essa lógica está equivocada, porque a inflação não está descontrolada e resultada do próprio crescimento”, diz a economista.

Outro debate considerado central para a manutenção do crescimento com distribuição de renda é o tipo de gestão pública e gestão, assim como o papel do Estado nos investimentos e nas políticas macroeconômicas.

Fotos: Sérgio Silva