Amanhã (10/04) deverá ser dado a conhecer pelo IBGE o desempenho do IPCA no mês de março. Depois da queda verificada em fevereiro – e considerando a continuidade das políticas visando sua redução – a taxa inflacionária deverá voltar a apresentar queda relativamente aos últimos meses de 2012 e janeiro deste ano, contradizendo uma tendência sazonal de elevação da inflação nos primeiros meses de cada ano. 

Vale a pena observar – mesmo não sendo um indicador nacional – que o IPC (FIPE) de São Paulo mostrou deflação em março e novamente na primeira quadrissemana de abril. Até mesmo as apostas do setor financeiro (Boletim Focus) e de analistas do Valor Pro preveem nova queda para o IPCA de março (0,5%). 

No entanto, mesmo que em queda pronunciada relativamente a janeiro (0,86%) e fevereiro (0,60%), se a taxa for algo superior a 0,47% em março, a medida em doze meses poderá apresentar uma elevação superior ao teto da meta (6,5%). Então, o rentismo fará o possível para que a mídia ignore a tendência de queda e irá apresentar o resultado em doze meses como algo que não é (o rompimento do teto da meta), pois estas metas são para o ano e não para quaisquer doze meses.

No entanto, mantidas as políticas de desoneração e outras iniciativas adotadas pelo governo federal e reduzidos os efeitos sazonais do IPTU, IPVA, despesas escolares, tarifas de ônibus e outros preços que tem o ano calendário como base de reajuste, a taxa de inflação mensal deverá continuar em queda e proximamente – já a partir de abril ou maio – a inflação em doze meses deverá se deslocar em direção ao centro da meta.  

Por isso, o Banco Central mostrou sensibilidade e cautela ao indicar que ficaria atento nos próximos meses ao desempenho da inflação, mas não se pronunciou ex-ante pela elevação das taxas de juros, como desejavam os rentistas. E uma semana depois da divulgação do IPCA, no dia 17, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará sua decisão sobre os juros.

*Jorge Mattoso é economista e consultor, com doutorado pela Unicamp e pós-doutorado pelo IRES, na França. Foi presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2006).