Brasil sedia este ano o XIX Encontro do Foro de São Paulo
O Brasil irá sediar o XIX Encontro do Foro de São Paulo que ocorrerá no segundo semestre de 2013. Conforme decisão do Grupo de Trabalho, reunido no Chile em 17 de janeiro, o Encontro será realizado na capital paulista no período de 31 a 04 de agosto.
Em entrevista ao Portal do PT, o secretário executivo do FSP, Valter Pomar, falou sobre as atividades que serão desenvolvidas durante o evento internacional que reunirá representantes das organizações partidárias que compõem o Foro, parlamentares, lideranças sociais, intelectuais e militantes. Pomar, que é dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores, espera que o ato público de abertura no dia 2 de agosto reúna em torno de duas mil pessoas.
Segundo ele, além dos seminários sobre temas da política internacional, também serão realizados encontros com parlamentares, juventude, mulheres e afrodescendentes, oficinas temáticas e a grande plenária do Encontro. “A pauta do Encontro é ampla, geral e quase irrestrita. Além disso, queremos que o XIX Encontro tenha uma forte marca cultural; e que permita o contato das delegações internacionais com a cidade de São Paulo”, resume Pomar.
Confira a íntegra da entrevista:
O XIX Encontro do Foro de São Paulo será realizada no Brasil. Quando e onde será o encontro? Quantos participantes são aguardados?
O XIX Encontro será realizado na cidade de São Paulo, entre os dias 31 de julho e 4 de agosto. O número de participantes é uma incógnita: uma parte virá de outros países e outra parte será composta de brasileiros e brasileiras. Eu acredito que no ato público de abertura, no dia 2 de agosto, poderemos chegar a cerca de duas mil pessoas. Espero que as instâncias partidárias, os parlamentares, os governantes, as lideranças sociais e a intelectualidade da esquerda brasileira, a começar pelos petistas, se mobilizem para participar.
O PT terá um papel especial neste grande encontro internacional, apesar de outros partidos brasileiros também fazerem parte do Foro?
Os partidos brasileiros integrantes do Foro de São Paulo são o PT, o PCdoB, o PSB, o PDT, o Pátria Livre, o PCB e o PPS. Cada qual, na medida das suas possibilidades, será anfitrião. Ao PT caberá, certamente, um papel e uma responsabilidade especiais. Neste sentido, vamos trabalhar para que a direção nacional do Partido, Lula e Dilma, Fernando Haddad, nossos governadores, ministros e parlamentares possam se encontrar com as delegações internacionais.
Quais serão os principais temas da pauta do encontro?
O XIX Encontro é composto de um conjunto de atividades. Teremos as reuniões do Grupo de Trabalho e das secretarias regionais, que são cinco: Mesoamérica e Caribe, Andino-amazonica, Cone sul, Europa e EUA. Teremos os encontros de Juventude, Mulheres, Parlamentares, Autoridades Locais e Afrodescendentes. Teremos grandes seminários sobre África, Oriente Médio, Brics e um específico sobre os governos progressistas e de esquerda. Teremos oficinas sobre defesa, democratização da comunicação, formação política, meio ambiente, migrações, movimentos sindicais, poder popular e movimentos sociais, povos originários, segurança alimentar, segurança e narcotráfico, trabalhadores da arte e cultura, união e integração latino-americana, processos eleitorais, desenvolvimento econômico, Estado e participação popular, políticas sociais. E, finalmente, teremos o Encontro propriamente dito, que é a plenária dos partidos membros. Ou seja, a pauta do Encontro é ampla, geral e quase irrestrita. Além disso, queremos que o XIX Encontro tenha uma forte marca cultural; e que permita o contato das delegações internacionais com a cidade de São Paulo.
Na sua opinião, quais temas da política internacional constantes da agenda vão merecer uma maior reflexão dos participantes?
Do ponto de vista regional, eu destacaria dois temas: como aprofundar as mudanças estruturais nos países que governamos;e como acelerar o processo de integração. E do ponto de vista internacional, eu destacaria outros dois temas: como evitar a escalada de guerras e como superar a crise mundial favorecendo os setores populares. É provável que ganhe destaque, também, o aniversário de 40 anos do golpe que derrubou o governo da Unidade Popular chilena.
Durante o XIX Encontro do FSP serão realizados debates que envolvem parlamentares, mulheres, afrodescendentes e juventude. Fale um pouco sobre esses encontros.
Cada um destes encontros tem uma história. Os parlamentares dos partidos do Foro reúnem-se há tempos, tendo como um de seus desafios articular uma ação conjunta nos vários parlamentos regionais já existentes. O encontro de juventudes está na sua quinta edição e faz parte de um esforço para renovar temática e geracionalmente a esquerda regional. Já o encontro de mulheres está na sua segunda edição, sendo que há toda uma estrada para percorrer para garantir a pauta de gênero. Finalmente, o encontro de afrodescendentes fará no Brasil sua primeira edição.
Apesar da Declaração Final só ser aprovada no encerramento do Encontro, na sua opinião qual será a tendência ou o ponto mais forte do conteúdo do texto?
Existem dois momentos: em março aprovaremos uma comissão redatora, em abril aprovaremos um documento base e em julho aprovaremos a declaração final. A idéia é que a Declaração final tenha um pouco de análise e muito de manifesto, portanto com um forte acento conjuntural. Certamente terão grande espaço a integração regional, as ações dos governos de esquerda e progressistas, as eleições presidenciais vindouras, a paz na Colômbia, a crítica as políticas conservadoras hegemônicas nos EUA e Europa, bem como uma dura condenação a ingerência externa e as intervenções militares hoje em curso. O fundamental, entretanto, não é a declaração em si, mas sim a possibilidade de intercâmbio de posições entre as diferentes esquerdas existentes no mundo e na América Latina. E, para nós da esquerda brasileira, a possibilidade de aprender com os partidos amigos e a oportunidade de mostrar quem somos, o que estamos fazendo, para onde vamos.