O que mobiliza os jovens candidatos do PT?
Com quase 4 mil candidatos a vereador e dezenas a prefeito com idade até 29 anos, o PT demonstra que o investimento numa nova geração de quadros públicos é tão importante para ele quanto, no âmbito interno, foi a aprovação, no seu IV Congresso, da reserva de vagas para jovens nas instâncias partidárias. O PT claramente quer dar mais uma grande contribuição à democracia: oferecer ao eleitorado novos dirigentes de esquerda e vindos do setores populares para governar o país.
Mas, o que mobiliza esses jovens candidatos? Ou seja, o que os inspira a se lançarem à guerra eleitoral?
Esses jovens, dos 26 estados brasileiros, representam suas próprias trajetórias de luta desenvolvidas na plena vigência da democracia e no interior do PT e dos novos movimentos sociais. São o retrato do país desejado a partir dos avanços conquistados pela Velha Guarda do PT e daquela parcela de jovens que optou pela política como método de transformação social e chamou para si a construção do presente. Querem discutir a cidade, os problemas sociais pendentes, soluções para os gargalos da economia, o conteúdo das políticas públicas e as reformas estruturais que o país ainda precisa, um estado permeável à participação social, que planeje o desenvolvimento, que universalize os serviços públicos e que promova e realize direitos como medida do “progresso”.
Em síntese essa nova geração se mobiliza pelo desenvolvimento nacional e por novos conceitos e referências que quer agregar a ele. Estão articulados com movimentos feministas, antirracistas, camponeses, sindicais, ambientalistas, LGBTs, por democratização da mídia, por saúde e educação de qualidade para todos, por asfalto, luz e esgoto na comunidade, por ética na política. Representam uma outra cultura política, capaz de “linkar” novas bandeiras com a linguagem e o perfil da atual geração de jovens das classes C e D.
E, por fora do partido, arrastará os votos dos brasileiros e das brasileiras que querem continuar apostando nas mudanças, mas renovando e aprofundando elas. Esse é o recado da nova geração que se candidata às câmaras e prefeituras municipais: respeitando a experiência dos mais velhos e sua construção, ousar ser a novidade num país que já é uma das principais nações do mundo, mas com muito a fazer pelo seu povo e a enfrentar interesses poderosos.
*Anne Karolyne é coordenadora de mobilização da Executiva Nacional da Juventude do PT.