Desigualdade de gênero é estupidez econômica, diz Banco Mundial
Relatório lançado nesta terça (6) aponta que quando as mulheres que operam na agricultura têm acesso a insumos e fertilizantes como os homens, o produto agrícola do país aumenta até 4%. Mostra, também, que a eliminação da segregação no emprego aumenta a produtividade em até 25%. Demonstra, ainda, que a participação das mulheres na vida política do país melhora a qualidade das políticas públicas.
Relatório lançado nesta terça (6) aponta que quando as mulheres que operam na agricultura têm acesso a insumos e fertilizantes como os homens, o produto agrícola do país aumenta até 4%. Mostra, também, que a eliminação da segregação no emprego aumenta a produtividade em até 25%. Demonstra, ainda, que a participação das mulheres na vida política do país melhora a qualidade das políticas públicas.
Brasília – Investir em políticas de redução das desigualdades de gênero favorece o crescimento dos países, com efeitos diretos na aceleração da economia. Esta é uma das conclusões do relatório sobre o desenvolvimento mundial de 2012, lançado nesta terça (6), pelo Banco Mundial, durante as comemorações dos 80 anos do voto feminino no Brasil.
“Além de moralmente condenável, manter a desigualdade de gênero é uma estupidez econômica”, afirmou o vice-presidente do Departamento de Redução da Pobreza e Gestão Econômica do Banco Mundial, Otaviano Canuto.
O relatório aponta, por exemplo, quando as mulheres que operam na agricultura têm acesso a insumos e fertilizantes como os homens, o produto agrícola do país aumenta até 4%. Mostra, também, que a eliminação da segregação no emprego aumenta a produtividade em até 25%.
Demonstra, ainda, que a participação das mulheres na vida política do país melhora a qualidade das políticas públicas. “Nos Estados Unidos, o direito ao voto das mulheres reduziu a mortalidade infantil de 8% a 15%”, exemplificou o vice-presidente.
Segundo ele, desde que o banco passou a editar o relatório, há 30 anos, esta é a primeira vez que a publicação é dedicada ao tema da desigualdade de gêneros. E os resultados são reveladores. “Há um paradoxo em relação ao combate às desigualdades de gênero no mundo. Em algumas áreas, há progressos relativamente rápidos. Em outras, esse progresso é lento ou mesmo inexistente”, disse.
Entre as áreas em que foi verificado um avanço significativo, o destaque fica com a educação. O estudo aponta que, em 20 anos, a taxa de mulheres matriculadas nas universidades aumentou sete vezes, contra apenas quatro vezes dos homens.
Mesmo assim, 35 milhões de mulheres que deveriam estar nos bancos escolares ainda estão alijadas do ensino superior. Essas mulheres estão concentradas, principalmente, na África e no sul da Ásia. E dois terços delas pertencem a minorias étnicas.
Em relação à expectativa de vida, também houve avanço. De 1960 para cá, as mulheres estão vivendo, em média, 20 anos a mais. Entretanto, 4 milhões ainda morrem precocemente, principalmente em países pobres, onde o acesso à alimentação é priorizado para os homens e os índices de mortalidade materna continuam alarmantes.
A inclusão das mulheres no mercado de trabalho apresentou melhoras significativas. Em 30 anos, 552 milhões de trabalhadoras conquistaram um posto de trabalho. Só na América Latina e Caribe, foram 70 milhões. O Brasil contribuiu muito acima da média para estes números, com incremento de 22% no percentual, contra apenas 2% da média mundial.
Os salários, porém, continuam inferiores aos dos homens que ocupam os mesmos postos de trabalho. “Uma mulher ganha, em média, US$ 0,80, enquanto um homem, na mesma função, recebe US$ 1”, afirma Canuto. No Brasil, a diferença é ainda maior: os salários pagos às mulheres correspondem a 73% dos pagos aos homens.
Em relação ao empoderamento, a desvantagem continua absurda. Em todo o mundo, apenas 20% da representação parlamentar é feminina. Mesmo no Brasil que elegeu sua primeira presidenta, o percentual de mulheres com cargo eletivo é irrisório. A bancada feminina na Câmara ocupa apenas 45 das 513 vagas. No Senado, são 12 mulheres dentre as 81 cadeiras. No ranking geral, o Brasil é o 116º país em representação feminina.
A questão da violência de gênero, porém, é a que mais preocupa. O relatório estima que 510 milhões de mulheres sofrem abuso sexual, de seus parceiros ou não, pelo menos uma vez na vida.
Soluções apontadas
Para o Banco Mundial, combater a desigualdade de gênero significa, basicamente, facilitar o acesso das mulheres à educação, crédito, capital e terra, proporcionar que elas exerçam atividades de alta produtividade e garantir sua maior representação e voz nas esferas políticas. “O crescimento econômico de um país pode ser maior se for acompanhado de políticas de eliminação das desigualdades de gênero, reitera Canuto.
Segundo ele, o relatório do Banco Mundial é peça importante no diálogo com as equipes econômicas dos países e, por isso, pode impactar favoravelmente na luta por mais verbas para as políticas para as mulheres. Entretanto, destaca que, para operar as mudanças necessárias, o preponderante é garantir a vontade política em nível nacional.
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