Como jovem militante, acredito que a realização do plebiscito sobre a divisão do estado do Pará, dia 11 de dezembro, é resultado do fracasso de algumas gerações tanto em governar para integrar efetivamente o estado em matéria da universalização e qualidade dos serviços públicos e infra-estrutura, quanto das que se organizaram ao longo de décadas lutando por essa integração.

Como jovem militante, acredito que a realização do plebiscito sobre a divisão do estado do Pará, dia 11 de dezembro, é resultado do fracasso de algumas gerações tanto em governar para integrar efetivamente o estado em matéria da universalização e qualidade dos serviços públicos e infra-estrutura, quanto das que se organizaram ao longo de décadas lutando por essa integração.

Nessa polêmica, as coisas residem mais em como os recursos são investidos, quais as prioridades e quem e como elas são definidas. A partir disso, pode-se dizer que certas áreas de Belém (capital paraense) são mais privilegiadas do que outras. É uma dinâmica de visão política, de para quem se governa. Dividir por dividir não resolve nada, porque se for mantida a tendência predominante da política do que se propõe a ser Carajás, Tapajós e o “Parazinho”, seguiremos tendo graves problemas de desigualdade social e falta de acesso aos bens culturais e serviços públicos. Manter como está sem alterar essa hegemonia, manterá o status quo tal como o temos hoje.

Penso que a discussão é mais de fundo, de como, por exemplo, transformar os rios do Tapajós em molas propulsoras da economia local ou como promover uma revolução industrial no Pará, em moldes adequados à região amazônica, a partir das riquezas do subsolo do Carajás. Precisamos de uma virada de mesa que inclua o povo de todas as regiões parauaras na decisão dos investimentos públicos e que ofereça a ele como "bolo ser repartido" todo o potencial energético, do subsolo, da biodiversidade que o Pará de hoje possui e termina nas contas de poucos grupos econömicos e familiares presentes em outras regiões, países e inclusive dentro das regiões que hoje são paraenses.

A juventude, seja a ativista ou não, só não pode cair na armadilha de ser massa de manobra de quem quer manter tudo como está para não perder dedos e anéis e nem de quem quer eliminar os “atravessadores” empresariais e políticos em busca de domínio pleno do poder em suas respectivas regionalidades.

De modo geral, estamos forjando uma nova geração política para o Pará. Ela terá que se posicionar dia 11 a respeito da divisão e há duas saídas. Uma, mais pragmática, que é o jovem do Carajás ou Tapajós constatarem que tem menos acesso à chance de realizar seus sonhos e projetos de vida dos que os de Belém e, por isso, apostarem na divisão. Outra, mais idealista, é se propor a ser uma geração para transformar o Pará e transformar em realidade o que as gerações anteriores fracassaram em fazer e ir mais além no debate sobre nosso modelo de desenvolvimento, que deve ser colocado de cabeça para baixo, pois o que sempre vigiu não serviu. Eu aposto nessa segunda opção, com todo respeito aos sonhos legítimos dos jovens que se engajam pelo "sim!”

*Leopoldo Vieira foi Assessor de Juventude da Casa Civil do Governo do Pará