O ex-presidente FHC, que manteve a Economia brasileira estagnada durante o seu período à frente do governo federal, dilapidou o patrimônio público com privatizações a preços de “bacia das almas”, e levou à falência as finanças públicas em 1999, reapareceu pomposamente há alguns dias orientando os partidos de Oposição ao governo Lula a aumentarem os ataques, no estilo “quanto pior, melhor”.

A lógica do seu discurso é primária: se a Economia brasileira conseguir passar ao largo do pior da crise do Capitalismo mundial, e o governo Lula realizar pelo menos metade do que está previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a probabilidade da Oposição ganhar as eleições em 2010 vira fumaça. Por isso, torna-se necessário dinamitar o PAC e estimular o empresariado a puxar o “freio de mão”, contribuindo assim para jogar também o Brasil na recessão.

Essa estratégia cínica considera como um “preço a ser pago” (principalmente pela população pobre, mas também a classe média) a queda do crescimento do PIB no Brasil em 2009, para os 2% da Era FHC, com conseqüente aumento do desemprego, caso a situação fique desastrosa no Brasil, como está no restante do mundo. O pragmatismo dessa gente, do ex- PFL e do PSDB, visa tão-somente seus “lucros” (vitórias eleitorais em 2010). Partem do princípio de que se essa lógica valeu contra eles em 2002, quando a crise resultante dos oito anos do medíocre governo FHC apresentou a conta nas eleições, valerá também em 2010, se a Economia no Brasil entrar em parafuso.

Os discursos de várias lideranças desses partidos nos dias seguintes, e até o editorial de um grande jornal, foram todos nessa mesma direção, confirmando que a Oposição está se movimentando para criar dificuldades também no campo econômico, através de ataques sistemáticos às obras realizadas pelo PAC e às ações do governo federal no sentido de estimular investimentos em todas as áreas. E, provavelmente, desenvolvendo intensa cooptação de parcelas do empresariado para suas idéias.

Caso a articulação desses políticos junto a setores reacionários do empresariado dê certo, obtendo deles uma postura de “retranca” (traduzida na prática por demissões, suspensão de investimentos, redução de compras etc), poderá ocorrer de “o feitiço virar contra o feiticeiro”, através de fenômeno muito interessante: graças aos investimentos do Estado em todo o País (via governos nos três níveis), muitas empresas pequenas e/ou de médio portes, antes alijadas por outras maiores das obras e serviços públicos, ocuparem esse espaço, crescerem e deslocarem para escanteio quem se aliou às aves agourentas da Oposição. Poderá surgir assim uma nova parcela da burguesia, de fato comprometida com o desenvolvimento econômico e social da população brasileira.

Tudo é possível acontecer, desde que a Oposição acordou para a terrível realidade atual (para ela) da Economia brasileira, diametralmente oposta ao caos recebido pelo governo Lula em janeiro de 2003. Hoje, a sua situação “estrutural” é significativamente melhor, assim como das finanças do governo federal. O que não nos livra, infelizmente, da possibilidade de contágio das economias em recessão, grandes compradoras dos produtos brasileiros e maiores investidoras no País.

Justo agora, quando se faz necessário um esforço extraordinário para manter as atividades em ritmo pelo menos igual ao de 2008, surge esse movimento público da Oposição, tentando impedir que as ações dos governos para aquecer a Economia dêem certo. Graças a essa ofensiva, está em jogo desde o início do ano não apenas quem comandará os governos estaduais e federal a partir de 2011, mas o bem-estar da imensa maioria do povo brasileiro, esse ano e nos próximos.

O PSDB e o ex-PFL foram poupados até hoje pelo crime de parar o Brasil, na Era FHC. Impuseram ao País crescimento econômico medíocre, não investiram o necessário em Infraestrutura de Energia e Logística, deixaram o Brasil com baixa competitividade no Comércio Internacional. Prejudicaram a imensa parcela de pobres da Juventude brasileira. E agora, com a maior desfaçatez, aparecem com esse discurso em público, como se tivessem moral para propor um outro rumo para a Economia, que não o colocado em prática pelo governo Lula, de Aceleração do Crescimento.

O povo brasileiro precisa que a Economia do País continue crescendo, pelo menos 4%. O Brasil precisa, como nunca, de mais portos fluviais e marítimos, ferrovias, rodovias em bom estado, hidreelétricas, termelétricas, biocombustíveis, e de muitos investimentos em energia eólica, Ciência e Tecnologia, Agricultura, Educação, Saneamento, Saúde…

Chegou a hora de mostrar ao Brasil quem está a favor e quem está contra o enfrentamento, liderado pelo governo federal, da crise mundial do Capitalismo. Quem é a favor do Estado investir para manter a Economia em crescimento, e quem aposta no pior, como as aves de mau-agouro da Oposição e os bancos, financeiras e cartões de crédito, que ainda praticam no Brasil taxas de juros de até 400% ao ano, em tempos de 5% ou menos, no restante do mundo.

Alguns especialistas, há poucos meses, estimavam em até 5 trilhões de dólares o tamanho do estrago na Economia dos EUA. Hoje essa quantia virou troco, com a Crise atingindo as grandes montadoras norte-americanas e empresas de outros segmentos, ameaçando de falência centenas de bancos pequenos e médios, e reduzindo até – pasmem! – o consumo de alimentos no país. A recessão bateu nos 27 países da União Européia, na segunda maior economia do mundo (Japão), e ameaça seriamente a terceira maior (China). Tudo isso pode significar que será superada a estimativa de um desemprego global de 50 milhões de pessoas, feita há alguns meses.

Sabe-se que grande parte dos efeitos das crises econômicas são resultado muito mais do medo da Crise, do que dela própria. Ao acreditarem na Crise, parcelas crescentes da população acabam sem saber transformando-a em algo muito maior do que era inicialmente. As aves agourentas da Oposição no Brasil apostam nessa “psique” da coisa, por incrível que pareça (não se dão conta de quão criminosa é essa sua estratégia?). Portanto, não há tempo a perder: temos que entrar pesado na disputa pela opinião pública nacional, para ganhar essa “guerra” dita psicológica.

Os governos podem fazer muita propaganda para estimular a Economia, inclusive contrapondo suas ações às propostas da Oposição, visando propiciar o debate público em grande escala. Movimentos sociais e os parlamentares municipais, estaduais e federais da base aliada também. Aves de mau-agouro temem a luz. Chega de trabalharmos em silêncio, porque a crise internacional é muito séria, e avança com incrível rapidez: anteontem ela destruiu trilhões de dólares virtuais do sistema financeiro alavancado, ontem empresas alavancadas, hoje empresas que vendiam para aquelas, amanhã…

Milton Pomar, 50, empresário, geógrafo, ex-Secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Chapecó(SC)