Por Amanda Cieglinski, da Agência Brasil

Belém – Com um discurso emocionado que arrancou aplausos da platéia, a senadora Marina Silva (PT-AC) participou da plenária “Educação, Transgressão e Construção da Cidadania Planetária”, ocorrida em 26/01 durante os debates do Fórum Mundial da Educação. No evento, paralelo ao Fórum Social Mundial, a senadora, também conselheira da Fundação Perseu Abramo, falou sobre sua saída do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e afirmou que é necessária uma mudança positiva no modo de viver, pensar e de organizar da sociedade.

“Às vezes a gente é o arco que empurra a flecha e às vezes a gente é a flecha que é empurrada. Eu no MMA [Ministério do Meio Ambiente] me senti muitas vezes como uma flechinha que é empurrada pela sociedade brasileira. Quando quiseram revogar as medidas do plano de combate ao desmatamento, e eu pedi para sair, foi a sociedade brasileira que se colocou na posição de arco e não permitiu a revogação dessas medidas”, afirmou.

Marina disse que em alguns momentos foi “ridicularizada como a ministra dos bagres”, durante o processo de concessão da licença para o Rio Madeira. Mas que se sentia orgulhosa do trabalho que resolveu os problemas ambientais da região.

A senadora defendeu uma solução imediata para crise ambiental que, segundo ela, é muito mais grave do que a crise econômica. Diante de um público de milhares de educadores, Marina defendeu um modelo de educação não-pragmática e com divisão de responsabilidades. Emocionada, ela contou ao público que foi alfabetizada aos 16 anos, em um curso do antigo Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização).

“É diante da crise que somos obrigados a buscar novas saídas, respostas, alternativas. Na educação, temos que pensar também dessa forma. Vamos juntar as melhores experiências para dar uma resposta à essa crise, uma proposta em co-autoria”, afirmou.

A senadora disse que as escolas precisam se atualizar diane da necessidade de se pensar um novo modelo de desenvolvimento social, ambiental e econômico. “Precisamos resignificar o nosso ensino. Há bem pouco tempo, os recursos naturais eram tratados como infinitos. A Amazônia era tratada como um deserto verde, sem que se falasse sobre os povos que moram lá, de suas culturas. Falava-se que nós éramos os países subdesenvolvidos, atrasados. Mas em relação a quê? A esse sistema financeiro que dá sinais de colapso?”.

Os debates do Fórum Mundial de Educação seguem até o dia 27/01, quando começa a programação oficial do Fórum Social Mundial.

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Notícia publicada originalmente na Agência Brasil, em 26/01/2009