Na noite de 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Divisão de Infantaria, sediada em Juiz de Fora (MG), mandou sua tropa marchar em direção ao Rio, precipitando o golpe que vinha sendo articulado por generais, empresários e governadores de oposição ao governo Jango com o apoio dos Estados Unidos. No dia seguinte, as tropas que partiram do Rio para garantir a ordem confraternizaram-se com os rebeldes. O general golpista Arthur da Costa e Silva declarou-se titular do Ministério da Guerra (antigo nome do extinto Ministério do Exército), sem encontrar resistência por parte da oficialidade leal ao governo.

A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), onde se tentava articular a resistência ao golpe, foi incendiada com a conivência da polícia do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN). Tropas reprimiram manifestações em defesa do governo no Rio, em Porto Alegre e outras capitais.

No dia 2 de abril, sem apoio militar, Goulart saiu de Brasília e foi para o Rio Grande do Sul. A oposição consumou o golpe no Congresso, declarando vaga a Presidência da República, embora Goulart não tivesse renunciado ao cargo nem deixado o país. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu o lugar de Jango, subordinando-se a uma junta militar. A repressão foi generalizada e logo começaram as prisões em massa. Passados dois dias, Jango exilou-se no Uruguai.

Começava uma escalada de censura, perseguição e violência que só terminaria 21 anos depois, com a eleição de Tancredo, e deixaria marcas profundas na economia e no tecido social do país. Os anos do “milagre econômico”, sustentados por empréstimos internacionais, fizeram a dívida externa explodir, de US$ 3,3 bilhões, em 1964, para mais de US$ 105 bilhões ao final da ditadura. A inflação, que já era um problema em 1964, com 92% ao ano, explodiu e chegou a 243% em 1985, com tendência de alta.

Alguns dos protagonistas que apoiaram o golpe acabaram vítimas da própria armadilha. Carlos Lacerda, governador com pretensões à Presidência, foi cassado pelo AI-5, no final de 1968, e teve de partir para o exílio.

Este texto é um trabalho do Memorial da Democracia, o museu virtual dedicado às lutas democráticas do povo brasileiro e mantido pela Fundação Perseu Abramo e pelo Instituto Lula. Um módulo inteiro do Memorial é dedicado à ditadura.

O Centro Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Perseu Abramo guarda em seu acervo a edição especial da Revista Perseu Abramo, lançada em 2014 por ocasião do cinquentenário do golpe. Nessa revista, o artigo “O PT sob as lentes do DEOPS/SP” mostra um pouco da patrulha ideológica que era movida contra trabalhadores e democratas.

 

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